quinta-feira, 27 de agosto de 2015

O OLHAR…


Gosto de olhares, gosto de olhar olhos nos olhos, gosto do olhar do mais tímido, sincero, e puro até ao mais ousado, confuso e penetrante.
Num simples olhar podemos encontrar milhares de sentimentos desde amor, bondade, medo, tristeza, até a inveja e maldade.
O olhar revela e diz muito de uma pessoa, ele é o espelho da alma, podemos esconder ou tentar disfarçar muita coisa com um sorriso, mas nunca com um olhar.
Ele é revelador, único, é sensível e ao mesmo tempo tão corajoso e forte, ele pode expressar milhares de coisas e por outras tantas vezes um simples olhar pode dizer o que milhares de palavras não conseguiriam dizer ou explicar.
Num simples olhar consegue-se ver o mundo, mas infelizmente não conseguimos enxergar e ver tudo tão claramente como deveríamos ver.
Um olhar tem milhares de significados, momentos e explicações, e todos nós devíamos aprender a olhar para o nosso exterior e interior, pois ele pode ser gigante e poderoso e nós podemos não nos apercebermos disso, mas mais importante que isso é sabermos também olhar além de nós, olhar os outros e aceita-los tal como eles são.
Somos pessoas, somos humanos e temos de olhar para o mundo com olhos de ver e por isso temos de começar a ter um olhar mais corajoso, forte e destemido, sem medo algum de por vezes ver aquilo o que não se quer ver.
Joana Torres

terça-feira, 25 de agosto de 2015

A empatia negativa – o prazer de se afirmar praticando o mal

Talvez uma boa definição de maldade seja a prática de um ato em que outra pessoa é prejudicada de forma consciente. Ou seja, aquele que pratica a maldade sabe das consequências danosas do seu ato, sabe que se trata do uma ação indevida e a pratica assim mesmo. A maldade se distingue das reações agressivas a que todos nós estamos sujeitos tanto no papel ativo como passivo: quando alguém é agredido existe uma tendência natural para reagir a ela de uma forma ou de outra. A ação agressiva pode ou não ser intencional e não é raro que a reação venha a corresponder a um ato maldoso; porém, houve uma agressão que a antecedeu.
Um exemplo peculiar de reação agressiva é a inveja, não raramente maldosa: uma pessoa se compara com outra, sente-se por baixo e isso provoca uma sensação de humilhação que é vivenciada como agressão; reage a essa suposta agressão de forma sutil e desleal, tentando rebaixar ou diminuir aquele que despertou a inveja. Esse tipo de maldade pode vir a ser praticada por qualquer um de nós.
Na grande maioria dos casos de maldade, o ato é motivado pelo desejo da pessoa de obter algum benefício que não lhe é devido. Assim, uma pessoa egoísta fará o que for necessário para alcançar seus objetivos materiais, intelectuais ou sentimentais sem se preocupar com os danos que porventura venha a causar nos interlocutores. Estará agindo em defesa dos seus interesses, desprovida de sentimento de culpa e de uma forma nada empática. Não irá se incomodar com a dor provocada. Porém, não é essa sua primeira intenção; a real motivação é a de se apropriar daquele dado benefício; o dano ao outro é um desdobramento do objetivo inicial e não é fonte de satisfação e nem de dor.
Em alguns casos, o ato agressivo está claramente associado ao erotismo. Há décadas venho afirmando que o sexo, especialmente nos homens, tem importantes conexões com a agressividade, de modo que isso explica comportamentos sádicos, consentidos ou não, assim como os mais dramáticos atos eróticos relacionados com o estupro, exibicionismo, pedofilia… A associação entre sexo e agressividade pode explicar alguns comportamentos machistas, assim como algumas formas de maldade feminina – ser muito provocante para seu parceiro e, mais ou menos regularmente, rejeitar sua abordagem! A maldade nem sempre envolve violência ou apropriação indevida de objetos ou cargos. Por vezes pode se exercer de forma sutil, provocando dor psíquica, como é o caso do ato de humilhar deliberadamente outra pessoa.
Nas crianças que batem nas mais fracas ou que praticam o bullying, tenho a impressão de que o que está em jogo é a autoafirmação: a criança se avalia como mais forte ao rebaixar física ou moralmente alguma outra. Não é fácil explicar os atos violentos contra alguns animais domésticos que são objeto de maus tratos por parte de algumas poucas crianças. Alguns acham que isso indicaria a existência de algum tipo de predisposição biológica para a prática de ações agressivas e maldosas. Não estou convencido de que essa seja uma boa explicação. Sim, porque se houver uma predisposição para a maldade, aquele que a pratica não pode ser responsabilizado; estará “apenas” exercendo sua natureza (segundo o dicionário de filosofia de Comte-Sponville)! Talvez seja mais uma manifestação do tipo da autoafirmação, especialmente se estiver sendo exercida diante de outras crianças. Seria também uma exibição de coragem, de “sangue frio”, de ser mais competente para o exercício da violência.
É mais ou menos nessa linha que acredito que se possa explicar certas condutas que parecem exclusivamente maldosas, desprovidas de benefício para quem a pratica, próprias dos psicopatas. Sendo pessoas destemidas, muitos gostam de se exibir como mais ousados para executar qualquer ato violento. Isso pode parecer gratuito, mas está a serviço da vaidade, de se sentir superior aos outros membros do grupo a que pertence. A vaidade consiste no prazer (erótico) relacionado ao ato de se destacar; e num grupo de marginais, talvez o destaque ganhe essa forma, qual seja, a de ser capaz de maldades mais ostensivas e desnecessárias.
Além da vaidade de ser um membro destemido do grupo, o que costuma determinar um posto de liderança perante aqueles que sejam portadores de algum medo, o ato violento aparentemente gratuito também costuma estar a serviço de intimidar os membros do grupo, reforçando e definindo de modo claro e definitivo o papel de liderança daquele que é totalmente destemido e, claro, desprovido de qualquer tipo de culpa ou empatia. Aliás, esse gosto pela maldade pode ser chamado de “empatia negativa”: o prazer de se afirmar praticando o mal.
Texto de Flávio Gikovate

quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Como é que se ri?


- Como é que se ri? – perguntou, de repente, com aqueles olhos grandes me fitando.
- Como assim?- tentei desviar.
- Você, sabe, como é que se ri? De repente, os músculos movimentam o rosto? O que vem antes do riso, algum sentimento?
- Não tem fórmula para isso. Você vê algo engraçado, sente que aquilo é divertido e então você dá risada.
- Mas, isso é gargalhada. Tem gente que ri sem ver nada engraçado.
- Às vezes a pessoa ri porque está feliz. Ela sente-se bem com a vida, então sorri. Ou porque sentiu algo que a tocou de maneira diferente. Não tem como explicar isso, Maria. As pessoas simplesmente sorriem.
(A menina ficou parada, pensando, com as pernas finas balançando sobre a maca. Coçou o rosto e então pareceu entender tudo).
- Rir é como chorar, então?
- O quê?
- Você sabe, quando não se tem motivo para chorar, o dia está agradável, tem comida na sua casa, ninguém está gritando com você, tudo está indo muito bem. Mas, do nada, você sente aquela dor dentro do peito, como se o seu coração estivesse sendo esmagado. Então, você chora, sem motivo. Só para aliviar e colocar para fora o que tem dentro de você. Mas, o choro, tem que ser escondido, porque ninguém gosta de pessoas tristes. Já, o riso pode vir entre as pessoas. Gente feliz é bem vinda no mundo.
- Às vezes, a gente também ri de tristeza, Maria. Para disfarçar a vontade de chorar.
- Todo mundo fica disfarçando as coisas. É muito difícil viver nesse mundo. Acho que eu nunca ri, só gargalhei. Não sei se posso rir de mentira.
- Quando você ficar mais velha, vai rir mais de mentira do que de verdade. É assim que suportamos a vida. Rindo de misérias.
A menina balançava a cabeça em tom de desaprovação. Eu entendia suas questões, seria bem mais fácil se todas as vezes que ficássemos tristes, chorássemos, e quando ficássemos felizes, sorríssemos. Mas, o mundo dos adultos era mesmo esse fingir sem parar: fingir que se está bem, fingir que se está feliz com o emprego ruim, com as horas que nos falta para vivermos, com o dinheiro que não chega nunca e com a necessidade interminável de termos cada vez mais dinheiro para, enfim, podermos ter cada vez menos tempo para gastá-lo. Vamos fingindo que somos felizes com as nossas vidas, até acreditarmos naquele riso oco e ácido que corrói nossa pele e fica estampado em nossas caras: somos todos bobos sorridentes. Deveríamos era chorar.
-drika.amaral


terça-feira, 18 de agosto de 2015

A mulher ao seu lado é o sonho do outro…


Mulheres gostam de verdades. Mas não acreditarão fielmente de que seu celular estava sem bateria, de que seus amigos gostam dela ou de que sua ex-namorada não significa mais nada para você. Mulheres gostam de maquiagens sutis e cabelos bem lisos. Mulheres têm olhos angelicais e diabólicos. Ambos funcionarão com você. Ambos te levarão ao céu ou ao inferno. Mulheres são péssimas motoristas. Mas são ótimas condutoras.
Mulheres que não bebem são boas. Já as que bebem são ótimas. Mulher anda como quem desfila. Como quem grita por aí tua tendência a ser miss quarteirão de todos os anos. Melhor do que perfume caro é cheiro de banho tomado. E, também, o cheiro da pele suada que empresta sua essência às camisolas mais leves. Melhor do que vestidos da moda são as nossas blusas sociais sortudas. Aquelas que por algum motivo foram esquecidas na segunda gaveta e agora faz parte do cabide principal feminino.
Melhor do que cabelos alisados é rabo de cavalo ou fios inteiramente despenteados. Mulher deve dormir encolhida e acordar quase me expulsando da cama. Mulheres que xingam são mais atraentes. Mas não xingue como um ser depravado. Mulher tem que ter pudor para saber como não tê-lo nas horas certas. Mulher não precisa saber cozinhar. Mas cabem algumas tentativas frustradas.
As bonitas que me desculpem, mas lindas são as mulheres inteligentes. Mulher tem que ser interessante. Mas nunca interesseira. Imperfeições são sempre bem-vindas. Uns centímetros a mais na cintura. Uns dedos dos pés assimétricos. Um nariz fino demais para teu gosto. E uma bunda pequena demais para os padrões brasileiros. Mulher tem que ter peito. E seios também. Mulher tem que se fantasiar de homem turrão, vez em quando. Mas nunca se esquecer de lacrimejar num filme bobo – mesmo que seja assistido pela décima oitava vez. Mulher tem que saber falar “Eu te amo” e “Eu quero transar”.
Mulheres gostam de perfumes, ciúmes e gargalhadas. Mas odeiam cócegas. Cócegas a deixam vulneráveis. Mulheres gostam de toque, de voz ao pé do ouvido e de carinhos no lóbulo da orelha. Se uma mulher gosta de você, você estará lindo com tua camisa mais cara ou com tua jaqueta mais brega. Mulheres são mães e filhas. Mas nunca a trate como você se fosse seu pai. Mulheres gostam de igualdade.
Mulheres são inocentes com aqueles pseudo-amigos que – no fundo, no fundo – querem roubar seus beijos. Não discuta. Nem tente ensiná-la a maldade que passeia pela cabeça de alguns meninos. Apenas aceite que a mulher que te acompanha é o sonho de consumo de vários outros por aí – nunca se esqueça disso. Essa é a lição mais importante que você tem que aprender.
Autor: Hugo Rodrigues

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

DIETA EMOCIONAL - QUAIS AS RAÍZES QUE VOCÊ TEM ALIMENTADO EM SUA VIDA?


A qualidade de sua vida depende do que você está alimentando e fortificando.
O que vou falar talvez seja óbvio, visto que é sempre relatado e discutido, mas infelizmente nem sempre posto em prática pela maioria das pessoas. Refiro-me ao que você alimenta e fortifica em sua vida. Será que você está tendo hábitos, atitudes e posturas coerentes com os resultados que deseja para si?
Observe os fenômenos à sua volta. Vou citar como exemplo uma planta. Para que esta se desenvolva saudável, são necessárias determinadas condições ambientais, pois de outro modo ela definha e morre.
O mesmo acontece em nossa vida. Quais são os sentimentos, os propósitos, os hábitos, os relacionamentos que você está alimentando agora na sua vida? Seja lá o que for, uma vez alimentado, vai se fortificando, criando raízes, fazendo parte de você, ocupando espaço e criando proporções significativas, ou seja, vai fazendo parte da sua energia vital. Simples assim, porém nem sempre fácil de desvencilhar-se depois.
Para ilustrar esta questão, gostaria de falar do ressentimento. Escolhi o ressentimento como ilustração por ser este, infelizmente, um sentimento que ainda faz parte da nossa condição humana egóica e que uma vez dado vida vai atrapalhar os outros pontos, inclusive os de prosperidade e bem-estar pessoal e relacional.
O que acontece é que, muitas vezes, um simples mal-entendido ou queixa, discussão de pouca monta que poderia ser relevada, ou até mesmo um desentendimento sério, continua sendo alimentado e criando raízes, abrindo espaço para a mágoa, ressentimentos, rancores e até mesmo ódio. E daí, podendo tomar proporções gigantescas que ninguém sabe de onde saiu tudo isso. Muito simples: foi alimentado!
Sentimentos tais não podem estar alinhados ao progresso e à prosperidade. Quando me refiro a prosperidade, não se trata somente da material, mas da prosperidade em todos os sentidos. Portanto, trabalhe estes sentimentos indesejáveis o mais rápido possível.
Muitas vezes, é necessário perdoar uma ofensa e seguir adiante para que um ressentimento não atrapalhe o seu próprio progresso, bem como dos outros que estão a sua volta. Mas, talvez você dirá: "Porque vou perdoar?" E se fosse com você , seria capaz de perdoar?" "Palavras são muito fáceis, escrever também". Mas, na vivência, algumas experiências geram muito sofrimento. Mesmo assim, liberte-se.
Quando você perdoa um ressentimento ou uma mágoa, estará se libertando de um peso, e dando espaço para que outros sentimentos possam ocupar este lugar. Sentimentos estes que você merece: amor, paz, tranquilidade, prosperidade, bem-estar e felicidade. Estes sim, devem estar enraizados em seu ser.
PARA REFLETIR:
As pessoas relatam constantemente que tudo o que elas mais desejam da vida é, exatamente, o que normalmente elas estão esquecendo de alimentar.
Desejam ser prósperas e felizes, gostariam de ter relacionamentos interpessoais duradouros, gratificantes, famílias estruturadas, ambiente de trabalho saudável; enfim, tudo de bom. No entanto, muitas vezes elas não estão contribuindo com as condições necessárias para que estas coisas aconteçam, e sendo assim, acabam sendo contraditórias.
E isto vale para tudo na vida...
E então, o que você tem definido para fazer parte da sua vida? No final, a escolha é sua. Alimente o que é bom para a sua vida e deixe estas raízes crescerem e se fortificarem.

Por Soraya Rodrigues de Aragão - Psicóloga


sábado, 8 de agosto de 2015

Ser Diferente

Diferente não é quem pretenda ser. Esse é um imitador do que ainda não foi imitado, nunca um ser diferente. Diferente é quem foi dotado de alguns mais e de alguns menos em hora, momento e lugar errados para os outros que riem de inveja de não serem assim. 
O diferente nunca é um chato. Mas é sempre confundido por pessoas menos sensíveis e avisadas. Supondo encontrar um chato onde está um diferente, talentos são rechaçados; vitórias, adiadas... Esperanças, mortas. 
Um diferente medroso, este sim, acaba transformando-se num chato. Chato é um diferente que não vingou. Os diferentes muito inteligentes percebem porque os outros não os entendem.
Diferente que se preza entende o porquê de quem o agride. O diferente paga sempre o preço de estar - mesmo sem querer - alterando algo, ameaçando rebanhos, carneiros e pastores. O diferente suporta e digere a ira do irremediavelmente igual, a inveja do comum, o ódio do mediano. 
O verdadeiro diferente sabe que nunca tem razão, mas que está sempre certo. O diferente começa a sofrer cedo, já no primário, onde os demais, de mãos dadas, e até mesmo alguns adultos, por omissão, se unem para transformar o que é potencial em caricatura. O que é percepção aguçada em: "puxa, fulano, COMO VOCÊ É COMPLICADO". 
O que é o embrião de um estilo próprio em: "você não está vendo como todo mundo faz?" O diferente carrega desde cedo apelidos que acaba incorporando. Só os diferentes mais fortes do que o mundo se transformaram nos seus grandes modificadores. 
Diferente é o que vê mais longe do que o consenso. O que sente antes mesmo dos demais começarem a perceber. Diferente é o que se emociona enquanto todos em torno, agridem e gargalham. É o que engorda mais um pouco; chora onde outros xingam; estuda onde outros burram. 
Quer onde outros cansam. Espera de onde já não vem. Sonha entre realistas. Concretiza entre sonhadores. Fala de leite em reunião de bêbados. Cria onde o hábito rotiniza. Sofre onde os outros ganham. 
Diferente é o que fica doendo onde a alegria impera. Fala de amor no meio da guerra. Deixa o adversário fazer o gol, porque gosta mais de jogar do que de ganhar. 
Os diferentes aí estão: enfermos, paralíticos, machucados, inteligentes em excesso, bons demais para aquele cargo, excepcionais, narigudos, barrigudos, joelhudos, de pé grande, de roupas erradas, cheios de espinhas, de mumunha ou de malícia .
Alma dos diferentes é feita de uma luz além. Sua estrela tem moradas deslumbrantes que eles guardam para os pouco capazes de os sentir e entender. 
E... nessas moradas estão tesouros da ternura humana. De que só os diferentes são CAPAZES.

Artur da Távola


quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Em algum lugar por aí, tem alguém pensando em você com carinho

Repare. Em algum lugar, de alguma sorte, alguém está fazendo uma coisa boa por nós. Talvez você nem note. Mas tem alguém compensando nossa truculência, atenuando a dureza do mundo, nivelando a vida por cima. Tem alguém levando à frente a compaixão divina num gesto de bondade simples, à toa. Alguém de coração disposto e mãos ativas. Tem, sim. Em algum lugar por aí, tem alguém pensando em você com ternura.
De repente, vem um sentimento breve de calma. Um silêncio bom entre tanto grito, um remanso imprevisto no corre-corre, estio na tempestade, trégua na guerra. Sensação inesperada e inexplicável de que tudo vai dar certo. Não é nada, não. É só alguém, em algum canto, fazendo algo bonito por nós.
A avó que recorda com grande saudade quando éramos pequenos. Os pais que falam de nós com carinho até aos desconhecidos. Os velhos professores que nos comparam em silêncio a seus alunos de hoje, quase dizendo “ahh… como fulano era bom” ou “no tempo do sicrano era outra coisa”.
O amigo distante que assiste a um filme antigo e nos relembra em dolorida mudez, machucado de lembranças do tempo em que éramos novos e próximos, um sorriso imenso nos olhos de choro. As almas boas que nos bendizem pelas costas. As criaturas justas que nos dão sua palavra e cumprem o que prometem, os cães e os gatos que nos oferecem a barriga em festa. Aquela gente que nos ama sem mais o quê.
Quando alguém nos faz uma coisa bela, o mundo entra nos eixos. Temos todos o direito a receber afagos e o dever de redistribuí-los. De atravessar o mundo partilhando beleza e ofertando decência até chegar enfim aos braços que nos cabem e ao abraço em que cabemos.
A beleza é a matéria-prima de todo ofício honesto. É o que nos resta e o que nos sobra. Às cantoras e aos cantores, às atrizes e aos atores e artistas de todo gênero, alguém no escuro da plateia dispara seu aplauso comovido de fé e alegria sem ser visto, e comprova o quanto é bonito retribuir a quem nos dá seja lá o quê.
Aos operários e aos médicos, guardas noturnos e secretárias, pintores e cozinheiras, juízes e manobristas, marceneiros e esportistas e a toda gente sob o céu há de existir gratidão e conforto antes, durante e depois da lida.
Há de haver beleza em cada “obrigado”, “por favor”, “pois não” e outras gentilezas essenciais esperando quem os diga.
E quem os diz é alguém fazendo algo bonito pela mera volúpia bondosa de nos abrir os braços. Nos pontos de ônibus, no trânsito parado, nas salas de espera ou na solidão do quarto escuro, aguardamos todos quem nos faça uma coisa bela. E assim, na espera, compreendemos enfim nossa responsabilidade de fazer e espalhar beleza, nosso mais poderoso e sublime ofício nessa vida.


segunda-feira, 3 de agosto de 2015

8 COMPORTAMENTOS TERRÍVEIS



Todos temos dias não tão bons e, provavelmente, temos alguns desses comportamentos vez ou outra, não importa o quão bom sejamos. Mas quando eles se tornam corriqueiros e constantes, talvez seja hora de refletir a respeito, pois eles podem afetar negativamente seus relacionamentos.
🌀1) SER RUDEPessoas rudes não tem filtro e não prestam atenção ao que falam. Muito menos levam em consideração os sentimentos alheios. Pessoas rudes tem a tendência a solidão.
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🌀2) MENTIRProvavelmente você já contou uma mentirinha aqui e outra ali... Porém a mentira crônica conduz a desastres. Pessoas que mentem não geram confiança e, obviamente, colocará amizades e relacionamentos por água abaixo.
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🌀3) SER MUITO INCONSTANTEViver em uma montanha russa é exaustivo pra nós, imagina p os outros. Estar no 8 e de repente estar no 80 atordoa as pessoas a nossa volta e cria uma impressão de não sermos confiáveis.
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🌀4) SER PESSIMISTASim, existem zilhões de problemas no mundo, mas também existe muita coisa boa!!! Se focamos nos problemas minamos a força da vida. E ninguém gosta de ficar perto de quem só lembra desgraça...
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🌀5) SER CONTROLADOREsse comportamento é facilmente encoberto pela falsa ideia de cuidado. O controlador se justifica dizendo que ama e, por isso, cuida... Mas alto lá! De chefe já basta o do trabalho. Cuidar demais da vida dos outros pode afastar as pessoas que você gosta de você!
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🌀6) SER EGOÍSTAAparentar o tempo todo que tudo ocorre porque existimos passa a imagem que o outro não é importante, e gera o sentimento de exclusão. Ninguém vai gostar de você mesmo!
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🌀7) SER INFANTILTodos nós gostamos de ser um pouquinho mimados, mas cuidado com a dose! Ficar birrento p se ter o que se quer é um «pé no saco»!
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🌀8) SER INTROMETIDOTem uma diferença entre a curiosidade sadia e uma necessidade de se intrometer onde não foi chamado. Diferencie isso, caso contrário, as pessoas se sentirão invadidas e ninguém gosta disso...



VENDE-SE TUDO


No mural do colégio da minha filha encontrei um cartaz escrito por uma mãe, avisando que estava vendendo tudo o que ela tinha em casa, pois a família voltaria a morar nos Estados Unidos. O cartaz dava o endereço do bazar e o horário de atendimento.
Outra mãe que estava ao meu lado comentou:
- Que coisa triste ter que vender tudo que se tem.
- Não é não, respondi, já passei por isso e é uma lição de vida.
Morei uma época no Chile e, na hora de voltar ao Brasil, trouxe comigo apenas umas poucas gravuras, uns livros e uns tapetes.
O resto, eu vendi tudo, e por tudo entenda-se: fogão, camas, louça, liquidificador, sala de jantar, aparelho de som, tudo o que compõe uma casa.
Como eu não conhecia muita gente na cidade, meu marido anunciou o bazar no seu local de trabalho e esperamos sentados que alguém a parecesse. Sentados no chão.
O sofá foi o primeiro que se foi. Às vezes o interfone tocava às 11 da noite, era alguém que tinha ouvido comentar que ali estava se vendendo uma estante.
Eu convidava pra subir e em dez minutos negociávamos um belo desconto. Além disso, eu sempre dava um abridor de vinho ou um saleiro de brinde, e lá se iam meus móveis e minhas bugigangas.
Um troço maluco: estranhos entravam na minha casa e desfalcavam o meu lar, que a cada dia ficava mais nu.
No penúltimo dia, ficamos somente com o colchão no chão, a geladeira e a tevê.
No último, só com o colchão, que o zelador comprou e, compreensivo, topou esperar a gente ir embora antes de buscar. Ganhou de brinde os travesseiros.
Guardo esses últimos dias no Chile como o momento da minha vida em que aprendi a irrelevância de quase tudo o que é material. Nunca mais me apeguei a nada que não tivesse valor afetivo.
Deixei de lado o zelo excessivo por coisas que foram feitas apenas para se usar, e não para se amar. Hoje me desfaço com facilidade de objetos, enquanto isto, que se torna cada vez mais difícil me afastar de pessoas que são ou foram importantes, não importa o tempo que elas estiveram presentes na minha vida.
Desejo para essa mulher, que está vendendo suas coisas para voltar aos Estados Unidos, a mesma emoção que tive na minha última noite no Chile. Dormimos no mesmo colchão, eu, meu marido e minha filha, que na época tinha dois anos de idade. As roupas já estavam guardadas nas malas. Fazia muito frio.
Ao acordarmos, uma vizinha simpática nos ofereceu o café da manhã, já que não tínhamos nem uma xícara em casa.
Fomos embora carregando apenas o que havíamos vivido, levando as emoções todas: nenhuma recordação foi vendida ou entregue como brinde.
Não pagamos excesso de bagagem e chegamos aqui com outro tipo de leveza:
"Só possuímos na vida o que dela pudermos levar ao partir”. É melhor refletir e começar a trabalhar o DESAPEGO JÁ!
Não são as coisas que possuímos ou compramos que representam riqueza, plenitude e felicidade.
São os momentos especiais que não tem preço, as pessoas que estão próximas da gente e que nos amam, a saúde, os amigos que escolhemos, a nossa paz de espírito.


Texto de Martha Medeiros