quinta-feira, 23 de março de 2017

A felicidade realista

De norte a sul, de leste a oeste, todo mundo quer ser feliz. Não é tarefa das mais fáceis. A princípio, bastaria ter saúde, dinheiro e amor, o que já é um pacote louvável, mas nossos desejos são ainda  mais complexos.
Não basta que a gente esteja sem febre: queremos, além de saúde, ser magérrimos, sarados, irresistíveis. 
Dinheiro? Não basta termos para pagar o aluguel, a comida e o cinema: queremos a piscina olímpica, a bolsa Louis Vitton e uma temporada num spa cinco estrelas.
E quanto ao amor? Ah, o amor... não basta termos alguém com quem podemos conversar, dividir uma pizza e fazer sexo de vez em quando.Isso é pensar pequeno: queremos AMOR, todinho maiúsculo. Queremos estar visceralmente apaixonados, queremos ser surpreendidos por declarações e presentes inesperados, queremos jantar à luz de velas de segunda a domingo, queremos sexo selvagem e diário,queremos ser felizes assim e não de outro jeito.
É o que dá ver tanta televisão. Simplesmente esquecemos de tentar ser felizes de uma forma mais realista. Por que só podemos ser felizes formando um par e não como pares? Ter um parceiro constante, não é sinônimo de felicidade, a não ser que seja a felicidade de estar correspondendo a expectativas da sociedade, mas isso é outro assunto. Você pode ser feliz solteiro, feliz com uns romances ocasionais, feliz com parceiros, feliz sem nenhum. Não existe amor minúsculo, principalmente quando se trata de amor-próprio.
Dinheiro é uma benção. Quem tem, precisa aproveitá-lo, gastá-lo, usufruí-lo. Não perder tempo juntando, juntando, juntando. Apenas o suficiente para se sentir seguro, mas não aprisionado. E se a gente tem pouco, é com este pouco que vai tentar segurar a onda, buscando coisas que saiam de graça, como  um pouco de humor, um pouco de fé e um pouco de criatividade.
Ser feliz de uma forma realista é fazer o possível e aceitar o improvável. Fazer exercícios sem almejar passarelas, trabalhar sem almejar o estrelato, amar sem almejar o eterno. Olhe para o relógio: hora de acordar. É importante pensar-se ao extremo, buscar lá dentro oque nos mobiliza, instiga e conduz mas sem exigir-se desumanamente. A vida não é um game onde só quem testa seus limites é que leva o prêmio. Não sejamos vítimas ingênuas desta tal competitividade. Se a meta está alta demais, reduza-a. Se você não está de acordo com as regras, demita-se. Invente seu próprio jogo.
[ Martha Medeiros ]

sexta-feira, 17 de março de 2017

Eu gosto de pessoas vivíveis!

Eu gosto de gente que tem por costume falar o que sente, mesmo quando não é o melhor sentimento do mundo.
Eu gosto desse tipo de pessoa que a gente se sente totalmente à vontade em 15 minutos de conversa, que ri alto, que tem aquele sorriso expansivo, contagiante. Eu me amarro em gente que diz que vem e vem.
Que demonstra que quer ficar. Que demonstra seus medos e que apesar de ser cheia de defeitos expõe como cartas abertas da mesa.
Eu não tenho problema com quem altera seu tom de voz, com quem perde a calma vez ou outra ou quem acaba falando por demais. Meu medo é dos que falam de menos. Dos sorrisos contidos; Dos gestos premeditados; Dos olhos atentos.
Fujo com certa rapidez de quem fala muito manso e ri pra tudo e concorda o tempo inteiro, até mesmo porque, pra mim, quem ri o tempo todo nada tem de bem humorado, ou é louca da cabeça ou alienado, e seja qual for das opções, não me agrada.
Eu gosto dos malucos sim. Mas dos malucos beleza! Dos impulsivos, explosivos, e impetuosos pois por mais contraditório que pareça, esses sim, pra mim, são os de alma limpa e coração puro. Ingenuidade genuína, talvez. Até uma certa fraqueza…
Eu gosto de gente com quem eu possa fazer planos! Que não tem esse lance de anotar na agenda. Eu gosto da ideia de sonhar coisas possíveis, de marcar um encontro no meio da semana ou uma viagem pra daqui a 1 ano e meio, mesmo que seja só empolgação de momento, eu gosto de quem permite empolgar-me.
Detesto que me coloquem freios – que eu não tenho. Detesto que tentem diminuir o meu tom. Eu gosto de quem se garante, quem taí pra arriscar, isso pra mim vale mais que toda beleza e grana.
Conheço gente que não entra no mar pra não estragar o cabelo; Que não come pizza pra não engordar; Que aprendeu francês só pra dizer que sabe. Esses, não me instigam em nada!
Pelo amor de Deus, a vida é muito curta para não se comer pizza!! Para não andar com as janelas abertas! Para não se perder de bicicleta, para na chuva não se molhar!
Eu gosto de pessoas vivíveis; Que se permitem amar, sonhar, quebrar a cara e tentar. Gosto de gente que ajoelha pra rezar, que se comove com um cãozinho na rua, que planeja o próximo jantar.
Gosto de gente acessível! Desse tipo que se permite ser visitado, sem aviso prévio, que faz festa com pouco, que permite alterações na rotina sem entrar em desespero, que topa uma surpresa sem questionar.
Gosto de gente namorável, que se baseia apenas no que sente e esquece o resto. Gosto de gente mutável; maleável; apalpável na escada ou no elevador; beijável da nuca aos pés; agarrável dentro de automóveis! Viajáveis num fim de semana qualquer.
A dualidade humana não me amedronta, o que me tira do sério é seriedade em excesso; Meu pai já dizia que a pior repressão é a interior, e os Menudos já bem cantavam que não devemos nos reprimir! E é isso aí!
Passo longe dos que não se permitem as mudanças inevitáveis desta vida, aos que se forçam a cumprir metas traçadas á 10 anos atrás, aos tiranos pessoais, que se podam ao menor sinal de um possível amor.
Que se retiram quando o papo pega fogo, que negam FOGO e opinião. Desses que fazem tipo, que se perdem no próprio jogo; Os colecionadores de “não”.
Entregue-se! Entregue-se para si mesmo em primeiro lugar, ceda aos teus caprichos! Depois para a vida; Para aquele teu amor abafado do colegial, aquela tua ex namorada que te faz perder o rumo;Entregue-se aos pequenos prazeres de se estar vivo. A única coisa que você tem a perder é a chance de ter vivido e fabricado boas lembranças.
Gaste teu cartão de crédito guardado para uma emergência, se preciso, porque IR, RIR E VIR são emergências, urgentíssimas! E de vez em quando, deixe uma conta acumular…ás vezes a gente tem mesmo que escolher entre pagar uma conta ou curtir um pouco e a conta pode esperar, mas as boas oportunidades, ás vezes, nunca mais voltam.
Esteja disponível; Seja VIVÍVEL! A vida é AGORA!



quinta-feira, 9 de março de 2017

Diga-me como você se exibe e eu lhe direi qual é o seu vazio!

Quais são as formas que expressamos nossos vazios? Existe um motivo para o exibicionismo físico? Ou para a exibição daquilo que se tem em bens materiais? A exibição exagerada de dotes intelectuais? De sociabilidade? De excesso de simpatia? Ou ainda de “sex appeal”?
Tudo na vida segue em busca de equilíbrio. E assim, para se analisar uma pessoa ou situação, basta perceber se há equilíbrio em todas as partes que compõe este alguém ou momento.
O simples fato de uma pessoa precisar se exibir já demonstra falta de equilíbrio. Quando alguém está inteiro e balanceado, não possui necessidade de aparecer. O mesmo acontece como consequência e de forma natural, na intensidade que tem de ser.
Chegamos todos nesta vida sem manual de instrução sobre como seguir em frente. Passamos esta trajetória em busca de nós mesmos e de respostas que permeiam nossa consciência do início ao fim. Entre um momento e outro, extravasamos nossas dúvidas e faltas de respostas de inúmeras formas. Muitas que doem e nos marcam profundamente.
É na infância que construímos os nossos valores, crenças e princípios. E toda falta de amor, compreensão e qualquer dificuldade que se tenha tido nesta fase, irá se manifestar mais tarde, quando jovens ou adultos. Muitas vezes passa-se a vida na busca pela compensação de um fato do passado, sem sucesso ou sem qualquer consciência disso.
A busca desenfreada pelo amor de alguém, por exemplo, que acaba refletindo em diversos relacionamentos, um atrás do outro, ou em vários ao mesmo tempo, deixa clara a falta de afeto na infância. Uma mágoa em relação ao pai ou à mãe, ainda que inconsciente, faz com que o ser humano se sinta tão profundamente só, que o mesmo se perde na busca pela compensação de amor num parceiro ou parceira. Como nada, nem ninguém substitui este amor, a busca torna-se infinita e mal sucedida.
Todo excesso de nós mesmos ou de algumas de nossas características vem demonstrar uma falta de equilíbrio. Assim como a necessidade de exibição dessas características.
A exibição e ostentação de dinheiro mostra uma ausência de valores amorosos. Assim como a exibição e humilhação através da posse de dotes intelectuais, mostra a necessidade de subjugar o outro, compensando uma provável subjugação do passado.
O excesso de sociabilidade, escancarando a necessidade de ser aceito, quando de forma inconsciente não há a aceitação por parte de si mesmo. E daí por diante.
Toda falta gera em nós um vazio, que em nós permanece de forma inconsciente, e na maioria das vezes por muito tempo. Anos a fio. É pelo despertar de consciência, pelo auto-conhecimento, o se olhar para dentro, que nos permite finalmente preencher esses “buracos” de forma adequada.
Não mudamos a história de nosso passado, mas somos capazes de mudar o que sentimos ao lembrar de nossas histórias. Transformamos nossas mágoas e dores em compreensão e aceitação. A partir daí, toda e qualquer necessidade de se sobressair desaparece.
Uma vez donos de nós mesmos, não importa o que o mundo pensa ou o que o mundo fala. Só importa a paz finalmente encontrada no melhor lugar possível: em si mesmo!



Estamos com fome de amor, Texto de Arnaldo Jabor

Uma vez Renato Russo disse com uma sabedoria ímpar: “Digam o que disserem, o mal do século é a solidão”. Pretensiosamente digo que assino embaixo sem dúvida alguma. Parem pra notar, os sinais estão batendo em nossa cara todos os dias.
Baladas recheadas de garotas lindas, com roupas cada vez mais micros e transparentes, danças e poses em closes ginecológicos, chegam sozinhas. E saem sozinhas. Empresários, advogados, engenheiros que estudaram, trabalharam, alcançaram sucesso profissional e, sozinhos.
Tem mulher contratando homem para dançar com elas em bailes, os novíssimos “personal dance”, incrível. E não é só sexo não, se fosse, era resolvido fácil, alguém duvida?
Estamos é com carência de passear de mãos dadas, dar e receber carinho sem necessariamente ter que depois mostrar performances dignas de um atleta olímpico, fazer um jantar pra quem você gosta e depois saber que vão “apenas” dormir abraçados, sabe, essas coisas simples que perdemos nessa marcha de uma evolução cega.
Pode fazer tudo, desde que não interrompa a carreira, a produção. Tornamos-nos máquinas e agora estamos desesperados por não saber como voltar a “sentir”, só isso, algo tão simples que a cada dia fica tão distante de nós.
Quem duvida do que estou dizendo, dá uma olhada no site de relacionamentos, o número de comunidades como: “Quero um amor pra vida toda!”, “Eu sou pra casar!” até a desesperançada “Nasci pra ser sozinho!”.
Unindo milhares, ou melhor, milhões de solitários em meio a uma multidão de rostos cada vez mais estranhos, plásticos, quase etéreos e inacessíveis.
Vivemos cada vez mais tempo, retardamos o envelhecimento e estamos a cada dia mais belos e mais sozinhos. Sei que estou parecendo o solteirão infeliz, mas pelo contrário, pra chegar a escrever essas bobagens (mais que verdadeiras) é preciso encarar os fantasmas de frente e aceitar essa verdade de cara limpa.
Todo mundo quer ter alguém ao seu lado, mas hoje em dia é feio, demodê, brega.
Alô gente! Felicidade, amor, todas essas emoções nos fazem parecer ridículos, abobalhados, e daí? Seja ridículo, não seja frustrado, “pague mico”, saia gritando e falando bobagens, você vai descobrir mais cedo ou mais tarde que o tempo pra ser feliz é curto, e cada instante que vai embora não volta.
Mas (estou muito brega!), aquela pessoa que passou hoje por você na rua, talvez nunca mais volte a vê-la, quem sabe ali estivesse a oportunidade de um sorriso a dois.
Quem disse que ser adulto é ser ranzinza?
Um ditado tibetano diz que se um problema é grande demais, não pense nele e se ele é pequeno demais, pra quê pensar nele.
Dá pra ser um homem de negócios e tomar iogurte com o dedo ou uma advogada de sucesso que adora rir de si mesma por ser estabanada; o que realmente não dá é continuarmos achando que viver é out, que o vento não pode desmanchar o nosso cabelo ou que eu não posso me aventurar a dizer pra alguém: “vamos ter bons e maus momentos e uma hora ou outra, um dos dois ou quem sabe os dois, vão querer pular fora, mas se eu não pedir que fique comigo, tenho certeza de que vou me arrepender pelo resto da vida”.
Antes idiota que infeliz!