segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Chegou ao fim. Acabou. O ano virou a esquina. Não volta nunca mais.
Assim como as oportunidades perdidas, os beijos não dados e as palavras não ditas que nele ficaram e nele naufragaram no limbo do passado.
Para deixar saudade. Para deixar arrependimento. Para deixar alívio. Para deixar.
O que foi feito, foi feito. O que foi sentido, foi sentido. O que foi vivido, foi vivido.
O que não foi, virou poeira.
E da poeira, virou pretérito.
E do pretérito, virou esquecimento.
Enquanto um ano dá adeus, o outro já nos atropela.
E ele chega sem pedir, ele chega sem permissão, ele chega sem bater na porta.
Ele chega sem que tenhamos tido tempo de engolir o último.
Sem pausa, sem recesso, sem férias.
365 chances velhas são perdidas para que 365 novas sejam ofertadas.
E sabe o que eu espero do ano novo?
Eu não espero nada.
Eu espero muito é de mim mesma.
Eu espero doar sem me preocupar se vou receber.
Eu espero ser para o mundo sem me preocupar se o mundo me será de volta.
Eu espero ser a melhor versão de mim mesma.
Eu espero ser a pessoa que o meu cachorro acha que eu sou.
Eu espero que os meus braços sejam grandes o suficiente para abraçarem as oportunidades que a vida me atirar.
Eu espero ser sábia para conseguir dar valor ao que realmente for de valor e me desligar do que não.
Eu espero ser esponja para o que for amor, luz e calmaria.
Eu espero ser repelente para o que for nebuloso, amargo e baixo.
Eu espero ser cura. Mas também vício.
Eu espero ser santa. Mas também puta.
Eu espero ser céu. Mas também inferno.
Eu espero ser mar. Mas também lava.
Eu espero ser muitas enquanto for só eu mesma.
Eu espero resolver as questões que deixei em aberto.
Eu espero fechar os ciclos de ontem para dar espaço aos de amanhã.
Eu espero deixar o passado passar.
Eu espero fazer as pazes comigo mesma.
Eu espero me deixar carregar pela correnteza da vida.
Eu espero que existam segundas chances.
Mas espero não precisar delas.
Eu espero seguir em frente.
Mas espero saber que o que importa é a direção e não a velocidade.
Eu espero que não esperem.
De mim Por mim.
Eu espero saber esperar.
Dos outros. Pelos outros.
E sabendo esperar, eu espero nada esperar.
Assim eu espero.



Marina Barbiere

segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Família é prato difícil de preparar


São muitos ingredientes.
Reunir todos é um problema...Não é para qualquer um.
Os truques, os segredos, o imprevisível.
Às vezes, dá até vontade de desistir...
Mas a vida... sempre arruma um jeito de nos entusiasmar e abrir o apetite.
O tempo põe a mesa, determina o número de cadeiras e os lugares.
Súbito, feito milagre, a família está servida.
Fulana sai a mais inteligente de todas.
Beltrano veio no ponto, é o mais brincalhão e comunicativo, unanimidade.
Sicrano, quem diria?
Solou, endureceu, murchou antes do tempo.
Este é o mais gordo, generoso, farto, abundante.
Aquele, o que surpreendeu e foi morar longe. Ela, a mais apaixonada.
A outra, a mais consistente...
Já estão aí? Todos? Ótimo.
Agora, ponha o avental, pegue a tábua, a faca mais afiada e tome alguns cuidados.
Logo, logo, você também estará cheirando a alho e cebola.
Não se envergonhe de chorar.
Família é prato que emociona.
E a gente chora mesmo.
De alegria, de raiva ou de tristeza.
Primeiro cuidado:
temperos exóticos alteram o sabor do parentesco.
Mas, se misturadas com delicadeza, estas especiarias, que quase sempre vêm da África e do Oriente e nos parecem estranhas ao paladar tornam a família muito mais colorida, interessante e saborosa.
Atenção também com os pesos e as medidas.
Uma pitada a mais disso ou daquilo e, pronto:
é um verdadeiro desastre.
Família é prato extremamente sensível.
Tudo tem de ser muito bem pesado, muito bem medido.
Outra coisa:
é preciso ter boa mão, ser profissional.
Principalmente na hora que se decide meter a colher.
Saber meter a colher é verdadeira arte.
As vezes o ídolo da família, o bonzinho, o bola cheia que sempre ajudou azedou a comida só porque meteu a colher.
O pior é que ainda tem gente que acredita na receita da família perfeita.
Bobagem.
Tudo ilusão.
Família é afinidade, é à Moda da Casa.
E cada casa gosta de preparar a família a seu jeito.
Há famílias doces.
Outras, meio amargas.
Outras apimentadíssimas.
Há também as que não têm gosto de nada, seria assim um tipo de Família Dieta, que você suporta só para manter a linha.
Seja como for,
família é prato que deve ser servido sempre quente, quentíssimo.
Uma família fria é insuportável, impossível de se engolir.
Enfim, receita de família não se copia, se inventa.
A gente vai aprendendo aos poucos, improvisando e transmitindo o que sabe no dia a dia.
A gente cata um registro ali, de alguém que sabe e conta, e outro aqui, que ficou no pedaço de papel.
Muita coisa se perde na lembrança.
O que este veterano cozinheiro pode dizer é que, por mais sem graça, por pior que seja o paladar, família é prato que você tem que experimentar e comer.
Se puder saborear, saboreie.
Não ligue para etiquetas.
Passe o pão naquele molhinho que ficou na porcelana, na louça, no alumínio ou no barro.
Aproveite ao máximo.
Família é prato que, quando se acaba, nunca mais se repete
Família:
Feliz quem tem!!
sabe curtir , aproveitar e valorizar.....


Trechos do livro "O Arroz de Palma" de Francisco Azevedo

quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

CASAMENTO, MODO DE USAR


Case-se com alguém que adore te escutar contando algo banal como o preço abusivo dos tomates ou que entenda quando você precisar filosofar sobre os desamores de Nietzsche.
Case-se com alguém que você também adore ouvir. É fácil reconhecer uma voz com quem se deve casar; ela te tranquiliza e ao mesmo tempo te deixa eufórico como em sua infância, quando se ouvia o som do portão abrindo, dos pais finalmente chegando. Observe se não há desespero ou insegurança no silêncio mútuo, assim sendo, case-se.
Se aquela pessoa não te faz rir, também não serve para casar. Vai chegar a hora em que tudo o que vocês poderão fazer, é rir de si mesmos. E não há nada mais cruel do que estar em apuros com alguém sem espontaneidade, sem vida nos olhos.
Case-se com alguém cheio de defeitos, irritante que seja, mas desconfie dos perfeitinhos que não se despenteiam. Fuja de quem conta pequenas mentiras durante o dia. Observe o caráter, antes de perceber as caspas.
Case-se com alguém por quem tenha tesão. Principalmente tesão de vida. Alguém que não lhe peça para melhorar, que não o critique gratuitamente, alguém que simplesmente seja tão gracioso e admirável que impregne em você a vontade de ser melhor e maior, para si mesmo.
Para se casar, bastam pequenas habilidades. Certifique-se de que um dos dois sabe cumpri-las. É preciso ter quem troque lâmpadas e quem siga uma receita sem atear fogo na cozinha; é preciso ter alguém que saiba fazer massagem nos pés e alguém que saiba escolher verduras no mercado.
E assim segue-se: um faz bolinho de chuva, o outro escolhe bons filmes; um pendura o quadro e o outro cuida para que não fique torto. Tem aquele que escolhe os presentes para as festas de criança e aquele que sabe furar uma parede, e só a parede por ora. Essa é uma das grandes graças da coisa toda, ter uma boa equipe de dois.
Passamos tanto tempo observando se nos encaixamos na cama, se sentimos estalinhos no beijo, se nossos signos se complementam no zodíaco, que deixamos de prestar atenção no que realmente importa; os valores. Essa palavra antiga e, hoje assustadora, nunca deveria sair de moda.
Os lábios se buscam, os corpos encontram espaços, mas quando duas pessoas olham em direções diferentes, simplesmente não podem caminhar juntas. É duro, mas é a verdade. Sabendo que caminho quer trilhar, relaxe! A pessoa certa para casar certamente já o anda trilhando. Como reconhecê-la? Vocês estarão rindo. Rindo-se.

(Diego Engenho)

quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

http://yogui.co/10-estrategias-de-manipulacao-em-massa-utilizadas-diariamente-contra-voce/

terça-feira, 8 de dezembro de 2015


A Estrela do Defeito Pessoal
O excesso de ‪#‎estrelas‬, que ‪#‎transforma‬ ‪#‎virtudes‬ em defeitos, afetando o temperamento do nato, por mais bondoso que ele seja.
 Há milhões de pessoas tão bondosas, caridosas e que se sacrificam pelos outros. Mas a bondade levada aos extremos, pode envenenar os egos da pessoa, e, muitas vezes, por trás de uma grande bondade, esconde-se nada mais que o defeito da manipulação, onde o nato consegue dominar a todos, subjugando-os numa dependência indesejável.
 E da mesma forma, uma pessoa pode trabalhar triplicado, apenas para ter o direito de cobrar e exigir dos outros a mesma performance, porque na verdade, o seu maior defeito é torturar as pessoas através de exigências e cobranças. Outros, oferecem a face da bondade para os menos favorecidos, escondendo defeitos muito piores.
 A bondade existe e de fato dizem — fulano tem um lado muito bom, mas em compensação é surpreendente, como pode evidenciar tantos defeitos, gerados na própria bondade.
O temperamento que transforma virtudes em defeitos, atrai os maus fluidos e são maus fluidos de todas as espécies, mas o principal é o fluido da desarmonia interna e externa.
Somente a firmeza de propósito e uma boa orientação, podem auxiliá-lo a transmutar e a se desviar dos maus fluidos, que certamente poderão turvar o seu discernimento, colocando obstáculos em seu desenvolvimento material, psicológico e espiritual.
As virtudes de amor e bondade, doçura e afabilidade, amor ao silêncio e à solidão, vocação musical e mística, podem ser transformadas no defeito da imaginação descontrolada e daí surgem os seguintes egos: irritação, descontentamento contínuo, superstição, criação de paraísos artificiais e fanatismo.
De repente você pode achar que não tem nada de especial, mas todos, sem exceção, têm de especial: o maravilhoso dom de se transformar para melhor.

 - Nilsa Alarcon e J. C. Alarcon

segunda-feira, 30 de novembro de 2015

''O Amor e Outras Crueldades''

Há dias assim. Esconsos. Insonsos. Neutros. Acomodados. Dias que só fazem número. Nem deveriam estar aqui., a somar na nossa vida. Não contam para nada. Não nos põem mais cultos, nem mais sãos, nem mais felizes, nem mais emocionados. Não ficam nas nossas recordações. Apenas ficamos mais velhos. Na realidade nem o sentimos. São apenas folhas de calendário. São dias de não sair da cama, não sair de casa, não sair para a vida. Não porque estejamos tristes mas porque nada acontece e ficar na cama pode ser um óptimo programa. Há quem tenha muitos destes dias mas para quem desafia a vida a não os ter por perto, como eu, a sua existência magoa, irrita! É um desperdício de vida, tempo perdido! Estamos num tempo parado, à espera que aconteça. Queremos puxar o tempo do futuro para trás, como uma película de cinema. Ver os frames mais adiantes. E se forem como desejamos, vivê-los agora. São dias de expectativa, de ansiedade, de medo e tensão. São dias completamente desperdiçados. Não deveriam existir. Queimaria momentos da minha existência, anularia os efeitos, positivos ou negativos do que nestes dias fizer. Não pagaria as refeições, a portagem, o combustível. Não receberia chamadas, não responderia a mails. Não sorriria no corredor, nem beijaria o grupo de mulheres que comigo se cruzou. Não despertaria comentários de qualquer espécie nem os emitiria. (perigoso emitir comentários nestes dias de negação!) Não comeria, nem beberia. Não tomaria banhos nem faria a barba. Não faria a cama nem ligaria o computador. Não ouviria as notícias nem seria notícia. Não olharia para nenhuma mulher nem para as estatísticas de resultados. Não chatearia nem me chateariam. Não viveria estes dias, simplesmente! Dava-os, incinerava-os, licitava-os, leiloava-os, atirava-os pela janela, ao mar, ao vento. Lançava-os dentro de um Shuttle para o espaço! E deitava foguetes para celebrar! Mandava-os à Lua, a Marte, à merda! Mandava-os dar uma volta ao bilhar grande, pastar caracóis, ver se eu estou na esquina, ver se chove, dar de comer ao cavalo do D. José, comer o leão do Marquês, dar milho aos pardais, caçar gambuzinos, catar milho. Ir ver se eu nasci!!! Eu não quero estes dias, repudio-os, exilo-os, expulso-os, emigro-os, recambio-os, despacho-os em envelope selado, com lacre, selo de embaixada em mala diplomática, fechada a sete chaves, quatro cadeados e três metros de correntes. Atiro-os ao Niágara, aos crocodilos, ao Vesúvio! Faço-os desaparecer no Tejo com um bloco de cimento atado aos pés, meto-os no cofre do BPN, na declaração de impostos do Amorim! Eu quero me lixar para estes dias. Fiquem-me com eles , eu pago para isso, eu imploro, suplico, ajoelho-me, prostro-me! EU NÃO QUERO estes dias! São os dias que faltam para…, os dias até chegar… os dias do ainda, os dias do nunca mais, os dias das noites. São dias infernais, impostos, exigidos, taxados, cravados, implantados, encravados, pregados, atados, colados, fundidos, selados, amarrados, empalados! São dias que não queremos, não pedimos, não os deveríamos ter . Quando temos controlo sobre o que fazemos podemos valorizar estes dias, dar-lhe utilidade, memória. Mas quando dependemos de terceiro, estes dias poderiam ser entregues a outros que bem falta lhes fariam para viver. Eu estou disposto a fazer um banco de vida, doar dias, vender dois em um, oferecer três na compra de dois, saldar, brindar, fazer um time –sharing. EU venderia a minha alma ao diabo, ser um Fausto, um Dorian Gray e dar ao Demo este tempo. Faria tudo, daria tudo (sobretudo estes dias!) mas tudo, a troco de te ter já aqui!

terça-feira, 29 de setembro de 2015

E então ... quando tudo começou,ela estava ali, grávida.Não sabia o que fazer,não tinha como esconder.Ainda tão criança.Ela e ele somente um pouco mais de 20 anos. Tudo parecia um pesadelo.Contar para as mães.E contamos,a reação de uma foi de aborto.A reação de outra foi de convencer a outra a ajeitar casamento.
E ela tinha uma vida que imaginava que era de princesa. Uma princesa,que trabalhava no comércio,em loja de roupas,num crediário.Que andava a pé da Central do Brasil até a Cinelândia e vice e versa todos os dias.Que saia de casa as 6h e só voltava as 21h. Uma princesa que começou a trabalhar logo assim que completou 18 anos.Enquanto suas primas com mesma idade,cursavam faculdade de odontologia e frequentavam as melhores rodas sociais possíveis.
E ela casou.Casou com ainda uma casa em construção. Uma casa sem banheiro.
A casa da sogra era logo ao lado.
Seu marido trabalhava de segurança num supermercado,logo após ter encerrado temporada no quartel. Serviço Militar obrigatório.
Ela trabalhou por 5 anos no comércio. E ficou trabalhando enquanto a barriga crescia.
Ganhou a licença maternidade no trabalho.Cuidou do enxoval.O pai dela comprou os móveis do quarto do bebê. Bercinho e guarda-roupa.
O bebê nasceu.Uma menina.


segunda-feira, 21 de setembro de 2015

OLHE PARA TRÁS


Olhe para trás! Está vendo o caminho percorrido? Entre quedas e tropeços, subidas e descidas, momentos bons e ruins, chegamos até aqui.
Vivemos histórias que não pertencem a ninguém mais. Guardamos na memória fatos que máquina nenhuma no mundo conseguirá revelar: fazem parte das nossas lembranças, nossos passos e da pessoa única que somos.
Mas, infelizmente, temos o hábito de guardar cicatrizes do que nos fez infelizes e olharmos como uma lembrança distante e apagada o que nos deu alegria. É possível ressentir uma grande dor com grande intensidade, trazendo à tona as mesmas emoções vividas, mas como é difícil ressentir do mesmo jeito uma felicidade que um dia nos fez vibrar!
O ideal seria inverter as situações. Guardar na pele e na alma cicatrizes do que nos fez bem e nos lembrar do mal sem muita nitidez. Guardar das pessoas o lado bom, o bem que nos fizeram e o que de bom vivemos juntos. Talvez devesse constar com mais freqüência as palavras "perdão" e "compreensão" no nosso dicionário.
De vez em quando, digo, olhe para trás! Mas não se volte completamente. Olhe apenas o bastante para se lembrar das suas lições para que estas te sirvam no presente. Não lamente o que ficou, o que fez ou deixou de fazer. O que é importante seu coração carrega.
Olhe diante de si! Há esse véu encobrindo o que virá, deixando entrever apenas o que seus sonhos permitem. Mas existe dentro de você uma sabedoria de alguém que desbravou alguns anos da história. Existe dentro de você uma força que te torna capaz!
O dia chega insistente como as marés do oceano. Às vezes calmo, outras turbulento, mas presente sempre. Vivo sempre. Cada noite dormida é uma vitória, cada manhã, um novo desafio. E você nunca está sozinho, mesmo quando se sente solitário. Todo o seu passado está gravado em você, como gravadas estão as pessoas que você amou.
Levante esse véu pouquinho a pouquinho a cada amanhecer; sem pressa, saboreando a vida como uma aventura, nem sempre como um mar calmo e tranqüilo, mas possível, muito possivelmente vitoriosa. Construa hoje as suas marcas de amanhã.
(Letícia Thompson)

quinta-feira, 27 de agosto de 2015

O OLHAR…


Gosto de olhares, gosto de olhar olhos nos olhos, gosto do olhar do mais tímido, sincero, e puro até ao mais ousado, confuso e penetrante.
Num simples olhar podemos encontrar milhares de sentimentos desde amor, bondade, medo, tristeza, até a inveja e maldade.
O olhar revela e diz muito de uma pessoa, ele é o espelho da alma, podemos esconder ou tentar disfarçar muita coisa com um sorriso, mas nunca com um olhar.
Ele é revelador, único, é sensível e ao mesmo tempo tão corajoso e forte, ele pode expressar milhares de coisas e por outras tantas vezes um simples olhar pode dizer o que milhares de palavras não conseguiriam dizer ou explicar.
Num simples olhar consegue-se ver o mundo, mas infelizmente não conseguimos enxergar e ver tudo tão claramente como deveríamos ver.
Um olhar tem milhares de significados, momentos e explicações, e todos nós devíamos aprender a olhar para o nosso exterior e interior, pois ele pode ser gigante e poderoso e nós podemos não nos apercebermos disso, mas mais importante que isso é sabermos também olhar além de nós, olhar os outros e aceita-los tal como eles são.
Somos pessoas, somos humanos e temos de olhar para o mundo com olhos de ver e por isso temos de começar a ter um olhar mais corajoso, forte e destemido, sem medo algum de por vezes ver aquilo o que não se quer ver.
Joana Torres

terça-feira, 25 de agosto de 2015

A empatia negativa – o prazer de se afirmar praticando o mal

Talvez uma boa definição de maldade seja a prática de um ato em que outra pessoa é prejudicada de forma consciente. Ou seja, aquele que pratica a maldade sabe das consequências danosas do seu ato, sabe que se trata do uma ação indevida e a pratica assim mesmo. A maldade se distingue das reações agressivas a que todos nós estamos sujeitos tanto no papel ativo como passivo: quando alguém é agredido existe uma tendência natural para reagir a ela de uma forma ou de outra. A ação agressiva pode ou não ser intencional e não é raro que a reação venha a corresponder a um ato maldoso; porém, houve uma agressão que a antecedeu.
Um exemplo peculiar de reação agressiva é a inveja, não raramente maldosa: uma pessoa se compara com outra, sente-se por baixo e isso provoca uma sensação de humilhação que é vivenciada como agressão; reage a essa suposta agressão de forma sutil e desleal, tentando rebaixar ou diminuir aquele que despertou a inveja. Esse tipo de maldade pode vir a ser praticada por qualquer um de nós.
Na grande maioria dos casos de maldade, o ato é motivado pelo desejo da pessoa de obter algum benefício que não lhe é devido. Assim, uma pessoa egoísta fará o que for necessário para alcançar seus objetivos materiais, intelectuais ou sentimentais sem se preocupar com os danos que porventura venha a causar nos interlocutores. Estará agindo em defesa dos seus interesses, desprovida de sentimento de culpa e de uma forma nada empática. Não irá se incomodar com a dor provocada. Porém, não é essa sua primeira intenção; a real motivação é a de se apropriar daquele dado benefício; o dano ao outro é um desdobramento do objetivo inicial e não é fonte de satisfação e nem de dor.
Em alguns casos, o ato agressivo está claramente associado ao erotismo. Há décadas venho afirmando que o sexo, especialmente nos homens, tem importantes conexões com a agressividade, de modo que isso explica comportamentos sádicos, consentidos ou não, assim como os mais dramáticos atos eróticos relacionados com o estupro, exibicionismo, pedofilia… A associação entre sexo e agressividade pode explicar alguns comportamentos machistas, assim como algumas formas de maldade feminina – ser muito provocante para seu parceiro e, mais ou menos regularmente, rejeitar sua abordagem! A maldade nem sempre envolve violência ou apropriação indevida de objetos ou cargos. Por vezes pode se exercer de forma sutil, provocando dor psíquica, como é o caso do ato de humilhar deliberadamente outra pessoa.
Nas crianças que batem nas mais fracas ou que praticam o bullying, tenho a impressão de que o que está em jogo é a autoafirmação: a criança se avalia como mais forte ao rebaixar física ou moralmente alguma outra. Não é fácil explicar os atos violentos contra alguns animais domésticos que são objeto de maus tratos por parte de algumas poucas crianças. Alguns acham que isso indicaria a existência de algum tipo de predisposição biológica para a prática de ações agressivas e maldosas. Não estou convencido de que essa seja uma boa explicação. Sim, porque se houver uma predisposição para a maldade, aquele que a pratica não pode ser responsabilizado; estará “apenas” exercendo sua natureza (segundo o dicionário de filosofia de Comte-Sponville)! Talvez seja mais uma manifestação do tipo da autoafirmação, especialmente se estiver sendo exercida diante de outras crianças. Seria também uma exibição de coragem, de “sangue frio”, de ser mais competente para o exercício da violência.
É mais ou menos nessa linha que acredito que se possa explicar certas condutas que parecem exclusivamente maldosas, desprovidas de benefício para quem a pratica, próprias dos psicopatas. Sendo pessoas destemidas, muitos gostam de se exibir como mais ousados para executar qualquer ato violento. Isso pode parecer gratuito, mas está a serviço da vaidade, de se sentir superior aos outros membros do grupo a que pertence. A vaidade consiste no prazer (erótico) relacionado ao ato de se destacar; e num grupo de marginais, talvez o destaque ganhe essa forma, qual seja, a de ser capaz de maldades mais ostensivas e desnecessárias.
Além da vaidade de ser um membro destemido do grupo, o que costuma determinar um posto de liderança perante aqueles que sejam portadores de algum medo, o ato violento aparentemente gratuito também costuma estar a serviço de intimidar os membros do grupo, reforçando e definindo de modo claro e definitivo o papel de liderança daquele que é totalmente destemido e, claro, desprovido de qualquer tipo de culpa ou empatia. Aliás, esse gosto pela maldade pode ser chamado de “empatia negativa”: o prazer de se afirmar praticando o mal.
Texto de Flávio Gikovate

quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Como é que se ri?


- Como é que se ri? – perguntou, de repente, com aqueles olhos grandes me fitando.
- Como assim?- tentei desviar.
- Você, sabe, como é que se ri? De repente, os músculos movimentam o rosto? O que vem antes do riso, algum sentimento?
- Não tem fórmula para isso. Você vê algo engraçado, sente que aquilo é divertido e então você dá risada.
- Mas, isso é gargalhada. Tem gente que ri sem ver nada engraçado.
- Às vezes a pessoa ri porque está feliz. Ela sente-se bem com a vida, então sorri. Ou porque sentiu algo que a tocou de maneira diferente. Não tem como explicar isso, Maria. As pessoas simplesmente sorriem.
(A menina ficou parada, pensando, com as pernas finas balançando sobre a maca. Coçou o rosto e então pareceu entender tudo).
- Rir é como chorar, então?
- O quê?
- Você sabe, quando não se tem motivo para chorar, o dia está agradável, tem comida na sua casa, ninguém está gritando com você, tudo está indo muito bem. Mas, do nada, você sente aquela dor dentro do peito, como se o seu coração estivesse sendo esmagado. Então, você chora, sem motivo. Só para aliviar e colocar para fora o que tem dentro de você. Mas, o choro, tem que ser escondido, porque ninguém gosta de pessoas tristes. Já, o riso pode vir entre as pessoas. Gente feliz é bem vinda no mundo.
- Às vezes, a gente também ri de tristeza, Maria. Para disfarçar a vontade de chorar.
- Todo mundo fica disfarçando as coisas. É muito difícil viver nesse mundo. Acho que eu nunca ri, só gargalhei. Não sei se posso rir de mentira.
- Quando você ficar mais velha, vai rir mais de mentira do que de verdade. É assim que suportamos a vida. Rindo de misérias.
A menina balançava a cabeça em tom de desaprovação. Eu entendia suas questões, seria bem mais fácil se todas as vezes que ficássemos tristes, chorássemos, e quando ficássemos felizes, sorríssemos. Mas, o mundo dos adultos era mesmo esse fingir sem parar: fingir que se está bem, fingir que se está feliz com o emprego ruim, com as horas que nos falta para vivermos, com o dinheiro que não chega nunca e com a necessidade interminável de termos cada vez mais dinheiro para, enfim, podermos ter cada vez menos tempo para gastá-lo. Vamos fingindo que somos felizes com as nossas vidas, até acreditarmos naquele riso oco e ácido que corrói nossa pele e fica estampado em nossas caras: somos todos bobos sorridentes. Deveríamos era chorar.
-drika.amaral


terça-feira, 18 de agosto de 2015

A mulher ao seu lado é o sonho do outro…


Mulheres gostam de verdades. Mas não acreditarão fielmente de que seu celular estava sem bateria, de que seus amigos gostam dela ou de que sua ex-namorada não significa mais nada para você. Mulheres gostam de maquiagens sutis e cabelos bem lisos. Mulheres têm olhos angelicais e diabólicos. Ambos funcionarão com você. Ambos te levarão ao céu ou ao inferno. Mulheres são péssimas motoristas. Mas são ótimas condutoras.
Mulheres que não bebem são boas. Já as que bebem são ótimas. Mulher anda como quem desfila. Como quem grita por aí tua tendência a ser miss quarteirão de todos os anos. Melhor do que perfume caro é cheiro de banho tomado. E, também, o cheiro da pele suada que empresta sua essência às camisolas mais leves. Melhor do que vestidos da moda são as nossas blusas sociais sortudas. Aquelas que por algum motivo foram esquecidas na segunda gaveta e agora faz parte do cabide principal feminino.
Melhor do que cabelos alisados é rabo de cavalo ou fios inteiramente despenteados. Mulher deve dormir encolhida e acordar quase me expulsando da cama. Mulheres que xingam são mais atraentes. Mas não xingue como um ser depravado. Mulher tem que ter pudor para saber como não tê-lo nas horas certas. Mulher não precisa saber cozinhar. Mas cabem algumas tentativas frustradas.
As bonitas que me desculpem, mas lindas são as mulheres inteligentes. Mulher tem que ser interessante. Mas nunca interesseira. Imperfeições são sempre bem-vindas. Uns centímetros a mais na cintura. Uns dedos dos pés assimétricos. Um nariz fino demais para teu gosto. E uma bunda pequena demais para os padrões brasileiros. Mulher tem que ter peito. E seios também. Mulher tem que se fantasiar de homem turrão, vez em quando. Mas nunca se esquecer de lacrimejar num filme bobo – mesmo que seja assistido pela décima oitava vez. Mulher tem que saber falar “Eu te amo” e “Eu quero transar”.
Mulheres gostam de perfumes, ciúmes e gargalhadas. Mas odeiam cócegas. Cócegas a deixam vulneráveis. Mulheres gostam de toque, de voz ao pé do ouvido e de carinhos no lóbulo da orelha. Se uma mulher gosta de você, você estará lindo com tua camisa mais cara ou com tua jaqueta mais brega. Mulheres são mães e filhas. Mas nunca a trate como você se fosse seu pai. Mulheres gostam de igualdade.
Mulheres são inocentes com aqueles pseudo-amigos que – no fundo, no fundo – querem roubar seus beijos. Não discuta. Nem tente ensiná-la a maldade que passeia pela cabeça de alguns meninos. Apenas aceite que a mulher que te acompanha é o sonho de consumo de vários outros por aí – nunca se esqueça disso. Essa é a lição mais importante que você tem que aprender.
Autor: Hugo Rodrigues

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

DIETA EMOCIONAL - QUAIS AS RAÍZES QUE VOCÊ TEM ALIMENTADO EM SUA VIDA?


A qualidade de sua vida depende do que você está alimentando e fortificando.
O que vou falar talvez seja óbvio, visto que é sempre relatado e discutido, mas infelizmente nem sempre posto em prática pela maioria das pessoas. Refiro-me ao que você alimenta e fortifica em sua vida. Será que você está tendo hábitos, atitudes e posturas coerentes com os resultados que deseja para si?
Observe os fenômenos à sua volta. Vou citar como exemplo uma planta. Para que esta se desenvolva saudável, são necessárias determinadas condições ambientais, pois de outro modo ela definha e morre.
O mesmo acontece em nossa vida. Quais são os sentimentos, os propósitos, os hábitos, os relacionamentos que você está alimentando agora na sua vida? Seja lá o que for, uma vez alimentado, vai se fortificando, criando raízes, fazendo parte de você, ocupando espaço e criando proporções significativas, ou seja, vai fazendo parte da sua energia vital. Simples assim, porém nem sempre fácil de desvencilhar-se depois.
Para ilustrar esta questão, gostaria de falar do ressentimento. Escolhi o ressentimento como ilustração por ser este, infelizmente, um sentimento que ainda faz parte da nossa condição humana egóica e que uma vez dado vida vai atrapalhar os outros pontos, inclusive os de prosperidade e bem-estar pessoal e relacional.
O que acontece é que, muitas vezes, um simples mal-entendido ou queixa, discussão de pouca monta que poderia ser relevada, ou até mesmo um desentendimento sério, continua sendo alimentado e criando raízes, abrindo espaço para a mágoa, ressentimentos, rancores e até mesmo ódio. E daí, podendo tomar proporções gigantescas que ninguém sabe de onde saiu tudo isso. Muito simples: foi alimentado!
Sentimentos tais não podem estar alinhados ao progresso e à prosperidade. Quando me refiro a prosperidade, não se trata somente da material, mas da prosperidade em todos os sentidos. Portanto, trabalhe estes sentimentos indesejáveis o mais rápido possível.
Muitas vezes, é necessário perdoar uma ofensa e seguir adiante para que um ressentimento não atrapalhe o seu próprio progresso, bem como dos outros que estão a sua volta. Mas, talvez você dirá: "Porque vou perdoar?" E se fosse com você , seria capaz de perdoar?" "Palavras são muito fáceis, escrever também". Mas, na vivência, algumas experiências geram muito sofrimento. Mesmo assim, liberte-se.
Quando você perdoa um ressentimento ou uma mágoa, estará se libertando de um peso, e dando espaço para que outros sentimentos possam ocupar este lugar. Sentimentos estes que você merece: amor, paz, tranquilidade, prosperidade, bem-estar e felicidade. Estes sim, devem estar enraizados em seu ser.
PARA REFLETIR:
As pessoas relatam constantemente que tudo o que elas mais desejam da vida é, exatamente, o que normalmente elas estão esquecendo de alimentar.
Desejam ser prósperas e felizes, gostariam de ter relacionamentos interpessoais duradouros, gratificantes, famílias estruturadas, ambiente de trabalho saudável; enfim, tudo de bom. No entanto, muitas vezes elas não estão contribuindo com as condições necessárias para que estas coisas aconteçam, e sendo assim, acabam sendo contraditórias.
E isto vale para tudo na vida...
E então, o que você tem definido para fazer parte da sua vida? No final, a escolha é sua. Alimente o que é bom para a sua vida e deixe estas raízes crescerem e se fortificarem.

Por Soraya Rodrigues de Aragão - Psicóloga


sábado, 8 de agosto de 2015

Ser Diferente

Diferente não é quem pretenda ser. Esse é um imitador do que ainda não foi imitado, nunca um ser diferente. Diferente é quem foi dotado de alguns mais e de alguns menos em hora, momento e lugar errados para os outros que riem de inveja de não serem assim. 
O diferente nunca é um chato. Mas é sempre confundido por pessoas menos sensíveis e avisadas. Supondo encontrar um chato onde está um diferente, talentos são rechaçados; vitórias, adiadas... Esperanças, mortas. 
Um diferente medroso, este sim, acaba transformando-se num chato. Chato é um diferente que não vingou. Os diferentes muito inteligentes percebem porque os outros não os entendem.
Diferente que se preza entende o porquê de quem o agride. O diferente paga sempre o preço de estar - mesmo sem querer - alterando algo, ameaçando rebanhos, carneiros e pastores. O diferente suporta e digere a ira do irremediavelmente igual, a inveja do comum, o ódio do mediano. 
O verdadeiro diferente sabe que nunca tem razão, mas que está sempre certo. O diferente começa a sofrer cedo, já no primário, onde os demais, de mãos dadas, e até mesmo alguns adultos, por omissão, se unem para transformar o que é potencial em caricatura. O que é percepção aguçada em: "puxa, fulano, COMO VOCÊ É COMPLICADO". 
O que é o embrião de um estilo próprio em: "você não está vendo como todo mundo faz?" O diferente carrega desde cedo apelidos que acaba incorporando. Só os diferentes mais fortes do que o mundo se transformaram nos seus grandes modificadores. 
Diferente é o que vê mais longe do que o consenso. O que sente antes mesmo dos demais começarem a perceber. Diferente é o que se emociona enquanto todos em torno, agridem e gargalham. É o que engorda mais um pouco; chora onde outros xingam; estuda onde outros burram. 
Quer onde outros cansam. Espera de onde já não vem. Sonha entre realistas. Concretiza entre sonhadores. Fala de leite em reunião de bêbados. Cria onde o hábito rotiniza. Sofre onde os outros ganham. 
Diferente é o que fica doendo onde a alegria impera. Fala de amor no meio da guerra. Deixa o adversário fazer o gol, porque gosta mais de jogar do que de ganhar. 
Os diferentes aí estão: enfermos, paralíticos, machucados, inteligentes em excesso, bons demais para aquele cargo, excepcionais, narigudos, barrigudos, joelhudos, de pé grande, de roupas erradas, cheios de espinhas, de mumunha ou de malícia .
Alma dos diferentes é feita de uma luz além. Sua estrela tem moradas deslumbrantes que eles guardam para os pouco capazes de os sentir e entender. 
E... nessas moradas estão tesouros da ternura humana. De que só os diferentes são CAPAZES.

Artur da Távola


quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Em algum lugar por aí, tem alguém pensando em você com carinho

Repare. Em algum lugar, de alguma sorte, alguém está fazendo uma coisa boa por nós. Talvez você nem note. Mas tem alguém compensando nossa truculência, atenuando a dureza do mundo, nivelando a vida por cima. Tem alguém levando à frente a compaixão divina num gesto de bondade simples, à toa. Alguém de coração disposto e mãos ativas. Tem, sim. Em algum lugar por aí, tem alguém pensando em você com ternura.
De repente, vem um sentimento breve de calma. Um silêncio bom entre tanto grito, um remanso imprevisto no corre-corre, estio na tempestade, trégua na guerra. Sensação inesperada e inexplicável de que tudo vai dar certo. Não é nada, não. É só alguém, em algum canto, fazendo algo bonito por nós.
A avó que recorda com grande saudade quando éramos pequenos. Os pais que falam de nós com carinho até aos desconhecidos. Os velhos professores que nos comparam em silêncio a seus alunos de hoje, quase dizendo “ahh… como fulano era bom” ou “no tempo do sicrano era outra coisa”.
O amigo distante que assiste a um filme antigo e nos relembra em dolorida mudez, machucado de lembranças do tempo em que éramos novos e próximos, um sorriso imenso nos olhos de choro. As almas boas que nos bendizem pelas costas. As criaturas justas que nos dão sua palavra e cumprem o que prometem, os cães e os gatos que nos oferecem a barriga em festa. Aquela gente que nos ama sem mais o quê.
Quando alguém nos faz uma coisa bela, o mundo entra nos eixos. Temos todos o direito a receber afagos e o dever de redistribuí-los. De atravessar o mundo partilhando beleza e ofertando decência até chegar enfim aos braços que nos cabem e ao abraço em que cabemos.
A beleza é a matéria-prima de todo ofício honesto. É o que nos resta e o que nos sobra. Às cantoras e aos cantores, às atrizes e aos atores e artistas de todo gênero, alguém no escuro da plateia dispara seu aplauso comovido de fé e alegria sem ser visto, e comprova o quanto é bonito retribuir a quem nos dá seja lá o quê.
Aos operários e aos médicos, guardas noturnos e secretárias, pintores e cozinheiras, juízes e manobristas, marceneiros e esportistas e a toda gente sob o céu há de existir gratidão e conforto antes, durante e depois da lida.
Há de haver beleza em cada “obrigado”, “por favor”, “pois não” e outras gentilezas essenciais esperando quem os diga.
E quem os diz é alguém fazendo algo bonito pela mera volúpia bondosa de nos abrir os braços. Nos pontos de ônibus, no trânsito parado, nas salas de espera ou na solidão do quarto escuro, aguardamos todos quem nos faça uma coisa bela. E assim, na espera, compreendemos enfim nossa responsabilidade de fazer e espalhar beleza, nosso mais poderoso e sublime ofício nessa vida.


segunda-feira, 3 de agosto de 2015

8 COMPORTAMENTOS TERRÍVEIS



Todos temos dias não tão bons e, provavelmente, temos alguns desses comportamentos vez ou outra, não importa o quão bom sejamos. Mas quando eles se tornam corriqueiros e constantes, talvez seja hora de refletir a respeito, pois eles podem afetar negativamente seus relacionamentos.
🌀1) SER RUDEPessoas rudes não tem filtro e não prestam atenção ao que falam. Muito menos levam em consideração os sentimentos alheios. Pessoas rudes tem a tendência a solidão.
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🌀2) MENTIRProvavelmente você já contou uma mentirinha aqui e outra ali... Porém a mentira crônica conduz a desastres. Pessoas que mentem não geram confiança e, obviamente, colocará amizades e relacionamentos por água abaixo.
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🌀3) SER MUITO INCONSTANTEViver em uma montanha russa é exaustivo pra nós, imagina p os outros. Estar no 8 e de repente estar no 80 atordoa as pessoas a nossa volta e cria uma impressão de não sermos confiáveis.
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🌀4) SER PESSIMISTASim, existem zilhões de problemas no mundo, mas também existe muita coisa boa!!! Se focamos nos problemas minamos a força da vida. E ninguém gosta de ficar perto de quem só lembra desgraça...
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🌀5) SER CONTROLADOREsse comportamento é facilmente encoberto pela falsa ideia de cuidado. O controlador se justifica dizendo que ama e, por isso, cuida... Mas alto lá! De chefe já basta o do trabalho. Cuidar demais da vida dos outros pode afastar as pessoas que você gosta de você!
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🌀6) SER EGOÍSTAAparentar o tempo todo que tudo ocorre porque existimos passa a imagem que o outro não é importante, e gera o sentimento de exclusão. Ninguém vai gostar de você mesmo!
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🌀7) SER INFANTILTodos nós gostamos de ser um pouquinho mimados, mas cuidado com a dose! Ficar birrento p se ter o que se quer é um «pé no saco»!
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🌀8) SER INTROMETIDOTem uma diferença entre a curiosidade sadia e uma necessidade de se intrometer onde não foi chamado. Diferencie isso, caso contrário, as pessoas se sentirão invadidas e ninguém gosta disso...



VENDE-SE TUDO


No mural do colégio da minha filha encontrei um cartaz escrito por uma mãe, avisando que estava vendendo tudo o que ela tinha em casa, pois a família voltaria a morar nos Estados Unidos. O cartaz dava o endereço do bazar e o horário de atendimento.
Outra mãe que estava ao meu lado comentou:
- Que coisa triste ter que vender tudo que se tem.
- Não é não, respondi, já passei por isso e é uma lição de vida.
Morei uma época no Chile e, na hora de voltar ao Brasil, trouxe comigo apenas umas poucas gravuras, uns livros e uns tapetes.
O resto, eu vendi tudo, e por tudo entenda-se: fogão, camas, louça, liquidificador, sala de jantar, aparelho de som, tudo o que compõe uma casa.
Como eu não conhecia muita gente na cidade, meu marido anunciou o bazar no seu local de trabalho e esperamos sentados que alguém a parecesse. Sentados no chão.
O sofá foi o primeiro que se foi. Às vezes o interfone tocava às 11 da noite, era alguém que tinha ouvido comentar que ali estava se vendendo uma estante.
Eu convidava pra subir e em dez minutos negociávamos um belo desconto. Além disso, eu sempre dava um abridor de vinho ou um saleiro de brinde, e lá se iam meus móveis e minhas bugigangas.
Um troço maluco: estranhos entravam na minha casa e desfalcavam o meu lar, que a cada dia ficava mais nu.
No penúltimo dia, ficamos somente com o colchão no chão, a geladeira e a tevê.
No último, só com o colchão, que o zelador comprou e, compreensivo, topou esperar a gente ir embora antes de buscar. Ganhou de brinde os travesseiros.
Guardo esses últimos dias no Chile como o momento da minha vida em que aprendi a irrelevância de quase tudo o que é material. Nunca mais me apeguei a nada que não tivesse valor afetivo.
Deixei de lado o zelo excessivo por coisas que foram feitas apenas para se usar, e não para se amar. Hoje me desfaço com facilidade de objetos, enquanto isto, que se torna cada vez mais difícil me afastar de pessoas que são ou foram importantes, não importa o tempo que elas estiveram presentes na minha vida.
Desejo para essa mulher, que está vendendo suas coisas para voltar aos Estados Unidos, a mesma emoção que tive na minha última noite no Chile. Dormimos no mesmo colchão, eu, meu marido e minha filha, que na época tinha dois anos de idade. As roupas já estavam guardadas nas malas. Fazia muito frio.
Ao acordarmos, uma vizinha simpática nos ofereceu o café da manhã, já que não tínhamos nem uma xícara em casa.
Fomos embora carregando apenas o que havíamos vivido, levando as emoções todas: nenhuma recordação foi vendida ou entregue como brinde.
Não pagamos excesso de bagagem e chegamos aqui com outro tipo de leveza:
"Só possuímos na vida o que dela pudermos levar ao partir”. É melhor refletir e começar a trabalhar o DESAPEGO JÁ!
Não são as coisas que possuímos ou compramos que representam riqueza, plenitude e felicidade.
São os momentos especiais que não tem preço, as pessoas que estão próximas da gente e que nos amam, a saúde, os amigos que escolhemos, a nossa paz de espírito.


Texto de Martha Medeiros

quarta-feira, 29 de julho de 2015

7 maneiras de transformar energia negativa em positiva

A negatividade é algo que afeta tanto a nós mesmos como às pessoas que estão ao nosso redor. Ela limita a criatividade e restringe o nosso potencial de crescimento. Afeta o nosso humor e até mesmo a nossa saúde.
Pessoas que alimentam sentimentos e energias negativas estão mais sujeitas ao estresse, ficam mais doentes e têm menos oportunidades ao longo de suas vidas do que aquelas que optam por viver de forma mais positiva.
Quando nos orientamos por olhares e abordagens mais positivas somos brindados pela vida com situações e pessoas que olham para a realidade por ângulos similares, por visões mais amenas e otimistas.
A energia negativa não encontra morada permanente em locais onde reinam experiências positivas. É um efeito bola de neve.
Embora os pensamentos negativos e positivos sempre existam e façam parte do viver, a chave para tornarmo-nos mais positivos é limitar a quantidade de negatividade que experimentamos.
Aqui estão algumas maneiras para nos livrarmos da negatividade e assumirmos atitudes mais positivas:

1- Torne-se grato por tudo

Quando pensamos que o mundo gira ao nosso redor é fácil acreditamos que simplesmente merecemos tudo o que temos e queremos. Quando nos colocamos no centro do universo criamos expectavivas irrealistas de que os outros devem nos servir, suprir nossas necessidades e desejos o tempo todo. Quando nos mantemos nessa posição de falso direito tornamo-nos facilmente insatisfeitos  e cheios de negatividade.
As pessoas que não apreciam as nuances e entendem as oscilações de suas vidas vivem em constante estado de falta e é realmente difícil viver uma vida positiva desta forma.
Quando entendemos o sentido da gratidão em nossas vidas e percebemos que coisas simples como ter a capacidade de chegar nos lugares que queremos (seja andando, de carro, de bicicleta), mudamos nossa atitude do egoísmo  para a apreciação.
Esse estado de apreciação é notado pelos outros e o aumento da positividade cria um sentimento de harmonia que dá novas formas aos nossos relacionamentos. Quando somos gratos começamos a receber mais do que esperamos. Isso acontece porque abrimos mão da ideia de receber. Logo, quando algo surge, é uma bela surpresa.

2- Ria mais, especialmente para si mesmo

Passamos nossos dias demasiadamente ocupados. A rotina de trabalho e relacionamentos com agendas lotadas e tão poucas folgas faz com que percamos parte de nossa sensibilidade para com o próximo.
Permanecer o tempo todo “correndo atrás do prejuízo” e tentando atingir metas de desempenho estipuladas pelos outros e por nós mesmos pode enrigecer pensamentos negativos orientados para a falta e para a incompletude. Tornar-se positivo significa levar a vida menos a sério e abandonar as âncoras que nos afundam.
Você tem dificuldade para rir de piadas?
Normalmente as pessoas que estão estressadas e/ou excessivamente tensas sentem-se ofendidas com um pouco de sarcasmo ou humor relacionados ao que estão fazendo. Se pudermos aprender a rir de nós mesmos e de nossos erros a vida se tornará mais leve e teremos mais chances de descobrir o que nos faz felizes. Encontrar a felicidade significa encontrar a positividade.

3- Ajude outras pessoas

A negatividade anda de mãos dadas com o egoísmo. As pessoas que vivem só para si mesmas não têm um propósito maior em suas vidas.
Se o foco de uma pessoa é só cuidar de si mesma e de mais ninguém, o caminho para uma realização de longo prazo pode ser mais longo do que ela jamais imaginará.
A positividade caminha ao lado da finalidade.
A maneira mais básica para criar finalidade e positividade em nossas vidas é começar a fazer coisas para os outros. Comece com pequenos atos; segure a porta para a pessoa na sua frente em uma agência bancária ou pergunte para as pessoas sobre como foi o dia delas sem ter que imediatamente fazer o próprio relato pessoal. Ajudar aos outros lhe dará um sentimento intangível de valor que se traduzirá em positividade.

4- Mude o seu pensamento

Podemos ser nossos maiores incentivadores ou nossos maiores inimigos. A posição que assumimos com relação a nossas vidas parte de nós mesmos.
Se você quer se tornar mais positivo, altere os seus pensamentos. Nós somos a parte mais difícil de nós mesmos e uma corrente de pensamentos negativos é corrosiva para uma vida positiva.
A próxima vez que você tiver um pensamento negativo anote-o e reformulle-o para um resultado positivo. Por exemplo, mude um pensamento como, “Eu não posso acreditar que eu fui tão mal nesse teste. Nunca vou conseguir” para “Eu não fui tão bem quanto esperava neste teste, mas eu sei que sou capaz e farei melhor da próxima vez. “
Mudar os nossos próprios pensamentos é uma ferramenta poderosa.

5- Cerque-se de pessoas positivas

Tornamo-nos parecidos com as pessoas que nos cercam. Se o nosso grupo de amigos está cheio de “sugadores de energia” e “rainhas do drama”, tendemos a imitar esse comportamento e tornarmo-nos como eles. É muito difícil ser positivo quando as pessoas ao nosso redor não suportam ou demonstram qualquer comportamento positivo.
A mudança é algo assustador, mas afastar-se de pessoas negativas é um grande passo para melhoras no humor e para adquirir pensamentos mais construtivos. Pessoas positivas refletem boas energias e expectativas de crescimento para quem está ao redor. A positividade é um processo a ser alcançado passo-a-passo quando você está sozinho, mas quando você está inserido em grupo positivo de amigos as mudanças podem acontecer em ritmo acelerado.

6- Entre em ação

Os pensamentos negativos podem ser realmente esmagadores. A negatividade é geralmente acompanhada pela tendência a desistir e ceder, especialmente quando está vinculada a relacionamentos e a planos para o futuro.
Transforme o momento negativo em ação positiva. Na próxima vez em que você estiver em uma dessas situações tente fazer uma pausa. Com os olhos fechados, faça algumas respirações profundas. Uma vez que você esteja calmo, aborde a situação ou problema com uma caneta e um bloco de papel em mãos. Escreva quatro ou cinco ações ou soluções para começar a dissolver o problema. Se você conseguir mudar o foco do negativo para a busca de soluções, você retornará à racionalidade e poderá ampliar olhares.

7- Assuma plena responsabilidade sobre suas ações; deixe de ser “a vítima”

Pessoas que sempre acreditam que as coisas acontecem para prejudicá-las possuem uma mentalidade de vítima. Esse é um padrão de pensamento negativo sutil e enganador. Frases como “Eu tenho que trabalhar” ou “Eu não posso acreditar que ele fez isso comigo” são indicadores de uma mentalidade de vítima. Culpar circunstâncias e buscar culpados só prejudica a nossa decisão de mudar de algo negativo para algo positivo.
Se você assumir a responsabilidade por sua vida, por seus pensamentos e por suas ações você estará no caminho certo para a criação de uma vida mais positiva. Temos um potencial ilimitado para criar e transformar a nossa própria realidade. Quando começamos a realmente internalizar coisas boas, descobrimos que ninguém pode nos induzir a sentir ou fazer qualquer coisa que não queiramos. Nós escolhemos a nossa resposta emocional e comportamental para lidar com pessoas e circunstâncias…o tempo todo.
“Cuidado com seus pensamentos: eles se transformam em palavras.
Cuidado com as palavras: elas se transformam em ações.
Cuidado com suas ações: elas se transformam em hábitos.
Cuidado com seus hábitos: eles moldam o seu caráter.
Cuidado com seu caráter: ele decidirá o seu destino.” 
Margareth Thatcher


sábado, 25 de julho de 2015

Depois de algum Tempo...


“Depois de algum tempo, aprendemos a sutil diferença entre DAR a mão e ACORRENTAR uma alma.
Aprendemos que AMAR não significa apoiar-se, e que companhia nem sempre significa SEGURANÇA.
Aprendemos que BEIJOS não são contratos nem promessas.
Passamos a ACEITAR as derrotas com a cabeça erguida e olhos ADIANTE.
Depois de um tempo, aprendemos que o sol QUEIMA se a ele ficarmos expostos por muito TEMPO.
Aprendemos que não IMPORTA o quanto nos importemos, algumas PESSOAS simplesmente não se importam.
Aceitamos que não importa quão boa seja uma PESSOA, ela vai nos FERIR de vez em quando e precisaremos perdoá-la por isso.
Descobrimos que é necessário certo tempo para construir CONFIANÇA e poucos segundos para destruí-la.
Aprendemos que é possível fazer coisas em um INSTANTE, das quais nos arrependemos pelo resto da VIDA.
Descobrimos que verdadeiras AMIZADES continuam a crescer mesmo a longas distâncias, e que o importante não é o que temos na vida, mas QUEM temos.
Aprendemos que as circunstâncias e os ambientes têm INFLUÊNCIA sobre nós, mas nós somos RESPONSÁVEIS por nós mesmos.
Aprendemos que se não controlarmos nossos atos, eles nos controlarão, e que ser flexível não significa ser fraco ou não ter PERSONALIDADE.
Aprendemos que heróis são pessoas que fizeram o que era necessário fazer, enfrentando as CONSEQUÊNCIAS.
Aprendemos que quando estamos com RAIVA temos o direito de estar com raiva, mas, isso não nos dá o direito de ser CRUEL.
Descobrimos que só porque alguém não nos AMA do jeito que queremos, não significa que esse ALGUÉM não nos ame com tudo o que pode.
Aprendemos que o TEMPO não volta, e aprendemos que realmente podemos SUPORTAR.
Também percebemos que a VIDA tem o valor e que temos VALOR diante dela!”
William Shakespeare (Adaptado)

NÃO EXISTE BOTOX PARA O VAZIO EXISTENCIAL


Não somos nada nem ninguém sem consumir. Você já parou para pensar nisso? Vivemos numa sociedade de consumo, disso todos nós sabemos. Acontece que a nossa ânsia por obtenção palpável se estendeu até os desejos mais íntimos. Não adquirimos por ímpeto apenas roupas, sapatos, objetos. Nós consumimos sentimento, gente, sexo, prazeres, tempo. Tudo. Parece que sem consumo não existe vida. Nem bem-estar. Nem alegria. Nem amor. Nem nada.
As pessoas estão cada vez mais insatisfeitas com elas mesmas e com o mundo. Querem preencher a qualquer custo os seus buracos. Consomem tudo e todos ao mesmo tempo, na ânsia desesperada de abarrotar os espaços vazios que levam por dentro.
Começam se enchendo de coisas, mas logo o tangível passa a não bastar. Então, encontram nos outros a possibilidade da sensação de plenitude, de prazer e satisfação. É uma perseguição efêmera atrás da saciedade.
Aí vem a primordialidade de ter e sentir, a carestia da posse, que comanda os sentidos e determina as ações. Objetos já não suprem a ausência física de uma companhia, o desamor que maltratou o coração, o desejo carnal irrefreável. É preciso sentir que alguém lhe pertence, nem que seja por algumas horas, até atingir um nível de contentamento. A ideia da posse acalma.
O problema é que depois que o refém é liberado, um rombo maior se abre por dentro, e você vai precisar preenchê-lo outra vez. E mais outra. E assim, sucessivamente. Até que uma sombra equilibre a sua e, juntos, consigam fechar todos os rasgos.
Enquanto isso não acontece a busca pelo prazer e pela companhia entra em um círculo vicioso. É preciso se sentir querida, desejada, amada, reverenciada. Se consome amizade, se consome sexo, se consome o tempo dos outros, a atenção. Aliás, o tempo é uma coisa curiosa.
Tem gente que só se sente vivo, de fato, se estiver abusando de todo e qualquer sopro de segundo. Perder tempo ou sentir que não está fazendo nada com ele é infelicidade na certa, é causa mortis. Abusam do tempo, o tempo todo, a fim de afirmar-se vivo.
A busca por sexo também é uma forma de consumo, porque se associa o prazer ao amor, confunde-se a proximidade com a companhia, a carência com a presença. Depois a solidão chega e toma o seu lugar. É quando o consumista, novamente, persegue quem possa lhe preencher, para suprir o vazio e a necessidade de afirmação.
E assim, o consumo se expande junto das vontades cada vez mais ansiosas e caprichosas. O eu grita mais e mais alto, faz as suas birras, é exigente. Você cede. Até porque a sensação é de que uma vida sem consumo é chata, vazia e sem nenhum propósito. O pensamento é que só é possível ser feliz quando se adquire, seja lá o que for.
As pessoas gastam dinheiro, gastam tempo, investem os seus planos e sonhos, se desgastam em expectativas e frustrações. Tudo em busca de um sentimento de verdade. Não precisa ser imenso, não, mas que seja inteiro.
A verdade é que enquanto faltar amor aqui dentro nós continuaremos procurando lá fora por alguém que nos baste. Miraremos alvos incertos, consumiremos o mundo freneticamente, expostos ao tiroteio dos corações caçadores.
A esperança é que, no meio da artilharia, em lados opostos, nos reconheceremos dentre tantos atiradores; nós e o nosso amor próprio. Só quando nos encontrarmos deixaremos de ser ávidos consumidores de gente.
Karen Curi - Jornalista

sábado, 18 de julho de 2015

Para que serve uma relação???


......Uma relação tem que servir para você se sentir 100% à vontade com outra pessoa, à vontade para concordar com ela e discordar dela, para ter sexo sem não-me-toques ou para cair no sono logo após o jantar, pregado.
......Uma relação tem que servir para você ter com quem ir ao cinema de mãos dadas, para ter alguém que instale o som novo enquanto você prepara uma omelete, para ter alguém com quem viajar para um país distante, para ter alguém com quem ficar em silêncio sem que nenhum dos dois se incomode com isso.
......Uma relação tem que servir para, às vezes, estimular você a se produzir, e, quase sempre, estimular você a ser do jeito que é, de cara lavada e bonita a seu modo.
......Uma relação tem que servir para um e outro se sentirem amparados nas suas inquietações, para ensinar a confiar, a respeitar as diferenças que há entre as pessoas, e deve servir para fazer os dois se divertirem demais, mesmo em casa, principalmente em casa.
......Uma relação tem que servir para cobrir as despesas um do outro num momento de aperto, e cobrir as dores um do outro num momento de melancolia, e cobrirem corpo um do outro quando o cobertor cair.
......Uma relação tem que servir para um acompanhar o outro ao médico, para um perdoar as fraquezas do outro, para um abrir a garrafa de vinho e para o outro abrir o jogo, e para os dois abrirem-se para o mundo, cientes de que o mundo não se resume aos dois....
Drauzio Varela.