segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Chegou ao fim. Acabou. O ano virou a esquina. Não volta nunca mais.
Assim como as oportunidades perdidas, os beijos não dados e as palavras não ditas que nele ficaram e nele naufragaram no limbo do passado.
Para deixar saudade. Para deixar arrependimento. Para deixar alívio. Para deixar.
O que foi feito, foi feito. O que foi sentido, foi sentido. O que foi vivido, foi vivido.
O que não foi, virou poeira.
E da poeira, virou pretérito.
E do pretérito, virou esquecimento.
Enquanto um ano dá adeus, o outro já nos atropela.
E ele chega sem pedir, ele chega sem permissão, ele chega sem bater na porta.
Ele chega sem que tenhamos tido tempo de engolir o último.
Sem pausa, sem recesso, sem férias.
365 chances velhas são perdidas para que 365 novas sejam ofertadas.
E sabe o que eu espero do ano novo?
Eu não espero nada.
Eu espero muito é de mim mesma.
Eu espero doar sem me preocupar se vou receber.
Eu espero ser para o mundo sem me preocupar se o mundo me será de volta.
Eu espero ser a melhor versão de mim mesma.
Eu espero ser a pessoa que o meu cachorro acha que eu sou.
Eu espero que os meus braços sejam grandes o suficiente para abraçarem as oportunidades que a vida me atirar.
Eu espero ser sábia para conseguir dar valor ao que realmente for de valor e me desligar do que não.
Eu espero ser esponja para o que for amor, luz e calmaria.
Eu espero ser repelente para o que for nebuloso, amargo e baixo.
Eu espero ser cura. Mas também vício.
Eu espero ser santa. Mas também puta.
Eu espero ser céu. Mas também inferno.
Eu espero ser mar. Mas também lava.
Eu espero ser muitas enquanto for só eu mesma.
Eu espero resolver as questões que deixei em aberto.
Eu espero fechar os ciclos de ontem para dar espaço aos de amanhã.
Eu espero deixar o passado passar.
Eu espero fazer as pazes comigo mesma.
Eu espero me deixar carregar pela correnteza da vida.
Eu espero que existam segundas chances.
Mas espero não precisar delas.
Eu espero seguir em frente.
Mas espero saber que o que importa é a direção e não a velocidade.
Eu espero que não esperem.
De mim Por mim.
Eu espero saber esperar.
Dos outros. Pelos outros.
E sabendo esperar, eu espero nada esperar.
Assim eu espero.



Marina Barbiere

segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Família é prato difícil de preparar


São muitos ingredientes.
Reunir todos é um problema...Não é para qualquer um.
Os truques, os segredos, o imprevisível.
Às vezes, dá até vontade de desistir...
Mas a vida... sempre arruma um jeito de nos entusiasmar e abrir o apetite.
O tempo põe a mesa, determina o número de cadeiras e os lugares.
Súbito, feito milagre, a família está servida.
Fulana sai a mais inteligente de todas.
Beltrano veio no ponto, é o mais brincalhão e comunicativo, unanimidade.
Sicrano, quem diria?
Solou, endureceu, murchou antes do tempo.
Este é o mais gordo, generoso, farto, abundante.
Aquele, o que surpreendeu e foi morar longe. Ela, a mais apaixonada.
A outra, a mais consistente...
Já estão aí? Todos? Ótimo.
Agora, ponha o avental, pegue a tábua, a faca mais afiada e tome alguns cuidados.
Logo, logo, você também estará cheirando a alho e cebola.
Não se envergonhe de chorar.
Família é prato que emociona.
E a gente chora mesmo.
De alegria, de raiva ou de tristeza.
Primeiro cuidado:
temperos exóticos alteram o sabor do parentesco.
Mas, se misturadas com delicadeza, estas especiarias, que quase sempre vêm da África e do Oriente e nos parecem estranhas ao paladar tornam a família muito mais colorida, interessante e saborosa.
Atenção também com os pesos e as medidas.
Uma pitada a mais disso ou daquilo e, pronto:
é um verdadeiro desastre.
Família é prato extremamente sensível.
Tudo tem de ser muito bem pesado, muito bem medido.
Outra coisa:
é preciso ter boa mão, ser profissional.
Principalmente na hora que se decide meter a colher.
Saber meter a colher é verdadeira arte.
As vezes o ídolo da família, o bonzinho, o bola cheia que sempre ajudou azedou a comida só porque meteu a colher.
O pior é que ainda tem gente que acredita na receita da família perfeita.
Bobagem.
Tudo ilusão.
Família é afinidade, é à Moda da Casa.
E cada casa gosta de preparar a família a seu jeito.
Há famílias doces.
Outras, meio amargas.
Outras apimentadíssimas.
Há também as que não têm gosto de nada, seria assim um tipo de Família Dieta, que você suporta só para manter a linha.
Seja como for,
família é prato que deve ser servido sempre quente, quentíssimo.
Uma família fria é insuportável, impossível de se engolir.
Enfim, receita de família não se copia, se inventa.
A gente vai aprendendo aos poucos, improvisando e transmitindo o que sabe no dia a dia.
A gente cata um registro ali, de alguém que sabe e conta, e outro aqui, que ficou no pedaço de papel.
Muita coisa se perde na lembrança.
O que este veterano cozinheiro pode dizer é que, por mais sem graça, por pior que seja o paladar, família é prato que você tem que experimentar e comer.
Se puder saborear, saboreie.
Não ligue para etiquetas.
Passe o pão naquele molhinho que ficou na porcelana, na louça, no alumínio ou no barro.
Aproveite ao máximo.
Família é prato que, quando se acaba, nunca mais se repete
Família:
Feliz quem tem!!
sabe curtir , aproveitar e valorizar.....


Trechos do livro "O Arroz de Palma" de Francisco Azevedo

quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

CASAMENTO, MODO DE USAR


Case-se com alguém que adore te escutar contando algo banal como o preço abusivo dos tomates ou que entenda quando você precisar filosofar sobre os desamores de Nietzsche.
Case-se com alguém que você também adore ouvir. É fácil reconhecer uma voz com quem se deve casar; ela te tranquiliza e ao mesmo tempo te deixa eufórico como em sua infância, quando se ouvia o som do portão abrindo, dos pais finalmente chegando. Observe se não há desespero ou insegurança no silêncio mútuo, assim sendo, case-se.
Se aquela pessoa não te faz rir, também não serve para casar. Vai chegar a hora em que tudo o que vocês poderão fazer, é rir de si mesmos. E não há nada mais cruel do que estar em apuros com alguém sem espontaneidade, sem vida nos olhos.
Case-se com alguém cheio de defeitos, irritante que seja, mas desconfie dos perfeitinhos que não se despenteiam. Fuja de quem conta pequenas mentiras durante o dia. Observe o caráter, antes de perceber as caspas.
Case-se com alguém por quem tenha tesão. Principalmente tesão de vida. Alguém que não lhe peça para melhorar, que não o critique gratuitamente, alguém que simplesmente seja tão gracioso e admirável que impregne em você a vontade de ser melhor e maior, para si mesmo.
Para se casar, bastam pequenas habilidades. Certifique-se de que um dos dois sabe cumpri-las. É preciso ter quem troque lâmpadas e quem siga uma receita sem atear fogo na cozinha; é preciso ter alguém que saiba fazer massagem nos pés e alguém que saiba escolher verduras no mercado.
E assim segue-se: um faz bolinho de chuva, o outro escolhe bons filmes; um pendura o quadro e o outro cuida para que não fique torto. Tem aquele que escolhe os presentes para as festas de criança e aquele que sabe furar uma parede, e só a parede por ora. Essa é uma das grandes graças da coisa toda, ter uma boa equipe de dois.
Passamos tanto tempo observando se nos encaixamos na cama, se sentimos estalinhos no beijo, se nossos signos se complementam no zodíaco, que deixamos de prestar atenção no que realmente importa; os valores. Essa palavra antiga e, hoje assustadora, nunca deveria sair de moda.
Os lábios se buscam, os corpos encontram espaços, mas quando duas pessoas olham em direções diferentes, simplesmente não podem caminhar juntas. É duro, mas é a verdade. Sabendo que caminho quer trilhar, relaxe! A pessoa certa para casar certamente já o anda trilhando. Como reconhecê-la? Vocês estarão rindo. Rindo-se.

(Diego Engenho)

quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

http://yogui.co/10-estrategias-de-manipulacao-em-massa-utilizadas-diariamente-contra-voce/

terça-feira, 8 de dezembro de 2015


A Estrela do Defeito Pessoal
O excesso de ‪#‎estrelas‬, que ‪#‎transforma‬ ‪#‎virtudes‬ em defeitos, afetando o temperamento do nato, por mais bondoso que ele seja.
 Há milhões de pessoas tão bondosas, caridosas e que se sacrificam pelos outros. Mas a bondade levada aos extremos, pode envenenar os egos da pessoa, e, muitas vezes, por trás de uma grande bondade, esconde-se nada mais que o defeito da manipulação, onde o nato consegue dominar a todos, subjugando-os numa dependência indesejável.
 E da mesma forma, uma pessoa pode trabalhar triplicado, apenas para ter o direito de cobrar e exigir dos outros a mesma performance, porque na verdade, o seu maior defeito é torturar as pessoas através de exigências e cobranças. Outros, oferecem a face da bondade para os menos favorecidos, escondendo defeitos muito piores.
 A bondade existe e de fato dizem — fulano tem um lado muito bom, mas em compensação é surpreendente, como pode evidenciar tantos defeitos, gerados na própria bondade.
O temperamento que transforma virtudes em defeitos, atrai os maus fluidos e são maus fluidos de todas as espécies, mas o principal é o fluido da desarmonia interna e externa.
Somente a firmeza de propósito e uma boa orientação, podem auxiliá-lo a transmutar e a se desviar dos maus fluidos, que certamente poderão turvar o seu discernimento, colocando obstáculos em seu desenvolvimento material, psicológico e espiritual.
As virtudes de amor e bondade, doçura e afabilidade, amor ao silêncio e à solidão, vocação musical e mística, podem ser transformadas no defeito da imaginação descontrolada e daí surgem os seguintes egos: irritação, descontentamento contínuo, superstição, criação de paraísos artificiais e fanatismo.
De repente você pode achar que não tem nada de especial, mas todos, sem exceção, têm de especial: o maravilhoso dom de se transformar para melhor.

 - Nilsa Alarcon e J. C. Alarcon