quarta-feira, 15 de abril de 2015

Somente questionamos quando algo dá errado, fora de nossas expectativas, quando a vida “não vai prá frente.” É quando nos pomos a analisar o porquê disso tudo. O costume é atribuirmos à vida, aos outros, ao carma, às injustiças e perseguições, etc. Mas, se já existe um processo de conscientização em andamento, procuramos analisar onde erramos, podendo até, numa reação extremada e também subjetiva, entrar num processo de auto-julgamento e vitimismo, sem perceber as causas reais. Um pouco mais de atenção e objetividade bastaria para vermos que o mau êxito dos resultados está na repetição de comportamentos e atitudes viciadas neste conjunto de idéias e crenças que assumimos como verdades definitivas. Existe um lista interminável de “verdades” que regulam nosso dia-a-dia. “
– Primeiro os outros, depois eu;
– Eu não posso pois sou inferior aos outros;
– Para se conquistar algo é preciso lutar e muito;
– Só tem valor o que é alcançado com dificuldade;
– Só é valorizado quem é um herói frente à vida!
– Só o sofrimento enaltece o homem;
– Vida fácil é sinônimo de vagabundagem, preguiça ou malandragem;
– Dinheiro é sujo e ser rico é sinônimo de egoísmo e mutreta;
– Só ganharei o “céu” se for pobre…e assim por diante!
Se cada um de nós se analisar com sinceridade, vai reconhecer em si mesmo, herdado dos ícones seculares da educação familiar, religiosa e conceitos sociais, estas e outras “verdades” igualmente terríveis e castradoras, paralisantes, desviadoras do desenrolar verdadeiro da vida. Entretanto, analisando e filosofando com meus botões, descobri algo de dar calafrios. A crença-mãe de tudo isso é uma só. Ela domina, alimenta, movimenta, adapta e manipula todas as outras crenças, fazendo-nos assim um dócil refém de suas garras. Falo do merecimento.
De acordo com o dicionário, merecimento significa: mérito; valor; ter direto a; ser digno de; estar em condição de receber ou obter; aprêço. É aí que a coisa assusta! Na cultura ocidental fomos condicionados a ligar o conceito de merecimento ao desvalor, à impotência, à dor, à fraqueza, à pobreza, numa total e completa distorção do verdadeiro significado desta idéia, como visto no dicionário. Devido à errônes interpretações filosófico-religiosas, só tem valor e e merecimento quem se esquece, quem se “doa por inteiro ao outro”, ou quem não se ama, despojando-se de tudo e tudo dando ao outro!!
(E aqui vai um comentário: porque os outros podem ter e eu não???) Não é assustador? E muito conveniente? Sobretudo por aquelas mentes sagazes, espertas e ávidas de domínio que se utilizaram disto para reprimir, oprimir, subjugar e manipular as massas a serviço de seus interesses pessoais. E também, num relacionamento neurótico, é muito confortável a posição de dominador. Do momento que me desestruturo como ser divino que sou, negando meu valor, meu direito de ser e ter, desconecto-me de meu espírito, de minha essência, de minha força, entregando-me ao entorpecimento de meus sentimentos, emoções e vontades. E enfraqueço. Na suposta “força heróica” de ser fraco, pobre, bonzinho, sofrefor, humilde, lutador, sou extremamente vulnerável, impotente, medíocre. Na prática da suposta “tolerância” me escondo no conformismo e resignação passiva. “É a vida, que fazer?”… ”Deus quis assim…” É o culto à mediocridade.
Portanto, é preciso ter coragem de chacoalhar este ranço que não serve para nada, somente para trancar o crescimento de cada um e encarar uma nova vida, sem dor e luta, pródiga de alegria e prosperidade, sem mêdo e culpa. Não importa se e o quanto merecemos. Esta quantificação vai depender exclusivamente do valor e do significado que atribuo a mim e à coisa merecida. Assim, o valor do que mereço está diretamente relacionado com o valor que atribuo a mim mesmo. É preciso sair do automático e atentar para o significado real do que achamos merecer. Cada um tem o que realmente merece, de acordo com as crenças e idéias que valida e valoriza. Se você se identificou com algum trecho destas reflexões, pare e medite:
– Permito-me ter valor?
– Reconheço meu valor pessoal?
– Aceito-o como algo imanente do meu espírito?
– Permito-me viver na abundância, na paz, na prosperidade, no bem?
– O que ganho permanecendo na dor, na dificuldade, na pobreza material e espiritual, no mal?
Se queremos crescer e nos realizar, ser felizes, tenhamos a coragem de rever nossos conceitos, reconsiderando-os e redefinindo-os em consonância com a grandiosidade de nossa força divina interior, desligando do mal que teima em nos paralisar. Este é o verdadeiro exercício de humildade. Assim, aceitar nosso valor pessoal, aceitar que merecemos a felicidade, a prosperidade, o amor, a paz e a alegria e tudo que é do bem é estar ligado á divindade interna e ao Todo.
Fica aqui, a frase final, de Osho, de imensa sabedoria:
“Rebelião não é luta. É pura compreensão”.
Paz e Luz
- Eda Cecíllia Marini

Nenhum comentário:

Postar um comentário