sábado, 7 de março de 2015

08 de Março: Dia Internacional da Mulher

UM DIA COMO OS OUTROS
"Amanhã é o Dia Internacional da Mulher, e me sinto forçada a escrever sobre nós mesmas, nós que não somos vítimas de nada, e sim donas do nosso destino, nós que nos embrutecemos diante da vida, às vezes falando até com voz grossa e fazendo gestos rudes, temendo que nossa feminilidade passe por fraqueza.
Nós que abrimos a boca mais do que devíamos, o que por um lado é bom, pois não trancafiamos nossas angústias, e por outro lado é ruim, porque falamos demais não apenas sobre nós, mas sobre os outros também, expandindo a corrente da fofoca, tão sem utilidade.
Nós que nos preocupamos muito com nossos cabelos e com nossa pele, nós que gostamos de estar bonitas e de cultivar um estilo, mas que não somos apenas isso, manequins de vitrine. Colocaríamos todo nosso guarda-roupa no lixo em troca de saúde eterna para nossos filhos, nunca mais usaríamos maquiagem se isso assegurasse que eles fossem felizes para sempre, nós que conhecemos o amor gerando dentro e expelido pelo parto, a coisa mais intensa, instintiva e selvagem que há.
O que mais dizer sobre nós? Sofremos alterações hormonais que nos dão múltipla personalidade e enlouquecem os que convivem conosco, somos rápidas demais nas tomadas de decisões e meio lentas no trânsito. Somos quase todas guerreiras, quase todas românticas, quase todas insuportáveis e maravilhosas. E as que não são nada disso têm seus próprios defeitos e qualidades em seu catálogo particular. Somos quase todas excêntricas.
Eu, como quase toadas as mulheres que conheço, não me comovo com o "nosso dia", não acho que basta nascer do sexo feminino para ser merecedora de rosas e descontos em restaurantes, uma mulher faz por merecer suas vitórias a cada 24 horas, e faz por merecer suas derrotas também. Por isso, me abstenho de represar a ladainha anual de que precisamos nos virar do avesso para dar conta de tudo, de que somos obrigadas a ser enérgicas e meigas ao mesmo tempo, e que tudo isso dá um trabalho danado. Dá, é verdade. Mas nada de colaborar para que amanhã seja o Dia Internacional das Lamúrias.
Amanhã é apenas mais um dia onde encontrarei várias da minha espécie no supermercado, umas com pressa, outras com dor-de-cotovelo, umas com a agenda cheia, outras com a cabeça cheia, umas felizes, outras infelizes, umas pensando em pedir demissão, outras pensando no que fazer com o marido, algumas apaixonadas, outras solitárias, quase todas com a grana curta, quase todas com medo de que uma única vida não seja suficiente para fazer tudo o que elas ainda sonham, quase todas com as emoções em desordem, absolutamente todas malucas e divertidas e muito, muito ocupadas para dar atenção a datas que infelizmente não mudam nada".

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